domingo, 15 de novembro de 2009

Um passeio por Santarém, Monte Alegre, Alenquer e Óbidos

Adilson Morales


Santarém

Encontro das águas do Tapajós com o Amazonas

Encontro das águas do Tapajós com o Amazonas
Foto: Adilson Moralez

Santarém é uma cidade grande com cerca de 262.000 habitantes e está localizada na margem direita do rio Tapajós. Com vôos regulares vindos de Belém e Manaus é conhecida como a pérola do Tapajós. Dela saem barcos para todas as cidades da região além de Manaus, Belém e Macapá. Embora esteja no Pará utiliza o fuso horário do Amazonas, uma hora a menos que Brasília. Um de seus principais pontos turísticos é o encontro das águas verdes e claras do rio Tapajós com as águas barrentas do Amazonas. Isso acontece bem defronte ao município, porém os rios percorrem ainda vários quilômetros sem que as águas se misturem. A principal causa disso é a diferente composição e temperatura dás águas. Um fato curioso é que quando ocorre a pororoca na foz do Amazonas, há centenas de quilômetros dali, o rio Amazonas invade o Tapajós por vários quilômetros.

Dona Dica Frazão

Dona Dica Frazão
Foto: Adilson Moralez

Outra atração inusitada é o museu vivo de Dona Dica Frazão, uma senhora de 84 anos que trabalha diariamente na confecção de artesanato, acessórios, roupas e muito mais, tudo feito com matéria prima da natureza.

Suas obras de arte com a natureza

Suas obras de arte com a natureza
Foto: Adilson Moralez

Em suas incríveis criações ela utiliza raízes do patchuli, fibra de malva, palha do buriti, açaí e tucumã, capim de sempre-viva, juncos, entrecascas e madeiras. Para expor suas obras ela criou um museu onde tem réplicas de verdadeiras obras de arte, tais como vestidos e acessórios feitos sem uma peça de tecido, somente matérias da natureza.

Matriz de Nossa Senhora da Conceição

Matriz de Nossa Senhora da Conceição
Foto: Adilson Moralez

No museu João Fona é possível conhecer um pouco da história de Santarém através de fragmentos de objetos indígenas datados de cerca de 3 mil anos, imagens de seus ilustres além de peças de cerâmicas. O museu também contempla um espaço para exposições de artistas santarenos contemporâneos.

Porto de Santarém

Porto de Santarém
Foto: Adilson Moralez

Apesar de ter feito várias fotos da igreja a melhor delas foi feita do barco para Monte Alegre.

Monte Alegre

Estação hidroviária

Estação hidroviária
Foto: Adilson Moralez

Monte Alegre fica na margem esquerda do Amazonas e é possível chegar lá por estrada não pavimentada, vôo de monomotor ou barco. Sem dúvida alguma o barco é o mais interessante para quem quer ver de perto como vive a população da região. Pois é no barco que você vivencia os hábitos e costumes tanto de quem viaja como de quem vive às margens do rio. O trajeto até Monte Alegre tem cerca de 130 quilômetros e na viagem de ida levamos 5 horas. Com seu deslocar lento é possível conversar com as pessoas, ler um livro, simplesmente dormir na rede ou apreciar a vida nas margens do rio.

Pintura rupestres na 1ª parada

Pintura rupestres na 1ª parada
Foto: Adilson Moralez

Em Monte Alegre fiquei surpreso com a infra-estrutura da hidroviária, que destoa de qualquer outra da região. De construção recente é bem organizada, e conta com banheiros limpos, lanchonete e até uma sala de espera com projeção de vídeos. Uma das principais atrações de Monte Alegre é a Serra da Lua, onde se encontra um dos mais antigos sítios arqueológicos do Brasil com pinturas rupestres datadas de cerca de 10-12 mil anos.

Durante o jantar ficamos sabendo que o Sr. Alonso fazia esse passeio e fomos acordá-lo a meia noite para nos encaixar numa saída programada com um grupo de alemães para o dia seguinte.

Calendário Lunar

Calendário Lunar
Foto: Adilson Moralez

Bem cedinho partimos em dois veículos 4x4 (Toyotas) em direção ao local que fica cerca de 1 hora e meia da cidade por estradas com muita areia.

Caverna com as pinturas

Caverna com as pinturas
Foto: Adilson Moralez

Infelizmente a área que tornou-se parque estadual em 2001 não recebeu qualquer tipo de investimento para elaboração do plano de manejo e conservação. Como as visitas ocorrem sem nenhum tipo de controle, algumas pinturas já foram danificadas.

Pedra do Pilão

Pedra do Pilão
Foto: Adilson Moralez

Basicamente há três pontos de visitação com pinturas, sendo que uma delas está localizada em uma caverna.

Vista da área de várzea do Amazonas

Vista da área de várzea do Amazonas
Foto: Adilson Moralez

Além das pinturas existe a curiosa formação denominada pedra do pilão, uma rocha esculpida pelo vento e chuva de onde se tem uma excelente vista do rio Amazonas e áreas de várzea.

Alenquer

Cachoeira do Vale do Paraíso

Cachoeira do Vale do Paraíso
Foto: Adilson Moralez

Para nossa viagem a Alenquer decidimos alugar um carro em Monte Alegre, pois a ida de barco iria tomar muito tempo. Partimos então por volta das 8:30h por estrada de terra para nosso primeiro destino que seria as cachoeiras do Vale do Paraíso há cerca de 130Km de Monte Alegre, mas já pertencendo a Alenquer.

Arara

Arara
Foto: Adilson Moralez

Chegamos por volta das 11:30h e logo em seguida chegou o mesmo grupo de alemães. A formação rochosa da cachoeira é belíssima, porém como estávamos na estação da seca havia pouca água. Uma atração para nós e para os alemães foi a presença das mascotes da pousada: uma arara e um macaco prego.

Formação da Cidade dos Deuses

Formação da Cidade dos Deuses
Foto: Adilson Moralez

Após o almoço e o tradicional cochilo, partimos para o próximo ponto turístico do município que é a Cidade dos Deuses. Uma incrível formação rochosa erodida pelos ventos e chuva que fica numa propriedade particular de 140 ha.

Vista da Cidade dos Deuses

Vista da Cidade dos Deuses
Foto: Adilson Moralez

Segundo informações locais o proprietário é um médico que adquiriu a terra para evitar que se transformasse em pastagem. Ele a preserva para visitação cobrando uma pequena taxa. O que chama a atenção é que não há presença de rochas na região, somente nesse ponto específico.

Lâmpada de Aladim

Lâmpada de Aladim
Foto: Adilson Moralez

Dependendo do ângulo de vista as rochas assumem formas interessantes como lâmpada de Aladim, taça, portal, etc. Infelizmente quando chegamos já era um pouco tarde e as fotos não puderam mostrar a real beleza do local.

Igreja da Matriz

Igreja da Matriz
Foto: Adilson Moralez

Ao cair da noite partimos finalmente para o município de Alenquer e escolhemos um hotel na beira do rio. Como era sábado havia um movimento grande na praça e na igreja.

Óbidos

Forte Pauxis

Forte Pauxis
Foto: Adilson Moralez

Partimos bem cedinho para cumprir os 140 km (sempre em estrada de terra) até nosso último município do roteiro: Óbidos. No caminho paramos em alguns mercadinhos à beira da estrada e pude comprovar a informação do Taketomi sobre presença dos gaúchos no Pará. Como uma grande tendência atual, eles estão vindo para o plantio de grãos, principalmente a soja.

Canhões apontam para a parte mais estreita do Amazonas

Canhões apontam para a parte mais estreita do Amazonas
Foto: Adilson Moralez

Óbidos tem uma grande participação histórica no Pará, pois é considerada a cidade mais antiga depois de Belém e tem uma irmã gêmea em Portugal. Óbidos teve origem com a construção do forte Pauxis em 1697 que levou o nome de uma tribo indígena que vivia no local. Em 1758 juntaram-se ao forte duas aldeias dos capuchos da piedade formando uma vila que mais tarde levou o nome do município.

Balas de canhão da época

Balas de canhão da época
Foto: Adilson Moralez

A localização foi estrategicamente escolhida, pois é ponto mais estreito do rio Amazonas (cerca de 1.8 Km).

Igreja da Matriz

Igreja da Matriz
Foto: Adilson Moralez

Dessa forma toda embarcação que passava pelo rio era obrigada a pagar o dízimo para a coroa portuguesa. Em 1854 o forte foi reconstruído e se mantém como é hoje.

Quartel (hoje casa da cultura)

Quartel (hoje casa da cultura)
Foto: Adilson Moralez

O quartel, que é símbolo do município, ficou famoso pela presença de Leônidas Cardoso, pai do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que serviu lá como tenente.

Prefeitura

Prefeitura
Foto: Adilson Moralez

Nossa permanência na cidade foi muita curta e deu apenas para fotografar os pontos históricos e bater um bom papo com um grupo de antigos moradores que visitavam a cidade.

Eu e Taketomi no retorno para Santarém

Eu e Taketomi no retorno para Santarém
Foto: Adilson Moralez

Retornamos para Monte Alegre no final da tarde e ainda chegamos a tempo de pegar o barco da meia noite para Santarém.

Amanhecendo num barco no rio Amazonas

Amanhecendo num barco no rio Amazonas
Foto: Adilson Moralez

Como havia muita gente na área das redes decidi dormir na “cobertura”. Apesar de literalmente ter dormido no chão, foi muito agradável dormir vendo as estrelas sendo embalado pela brisa do Amazonas.

Bem, a continuação dessa maravilhosa viagem vai estar na próxima edição: Alter-do-Chão – não perca.

Dicas do Autor

Adilson Moralez

Adilson Moralez

O clima no Pará é quente e úmido o ano todo, porém as chuvas se concentram no inverno (jan-jun). Embora as duas estações tenham belezas características, o verão é melhor para a visitação, apesar do calor ser maior. Também no verão há menor incidência de mosquitos.

Uma típica gaiola no rio Amazonas

Uma típica gaiola no rio Amazonas
Foto: Adilson Moralez

Não deixe de fazer uma viagem nas gaiolas (barcos a motor) que é o meio de transporte mais comum na região. Comprar uma rede é uma boa idéia antes de uma viagem de gaiola, ela vai ser muito útil.

Um comentário:

Apartamentos em Santarém disse...

Abraço forte da cidade de Santarém mas em Portugal!!!