quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

64 casos de hanseníase em Santarém

Cilícia Ferreira
Repórter


A hanseníase é uma doença infecciosa, de evolução crônica (muito longa) causada pelo Mycobacterium leprae, microorganismo que acomete principalmente a pele e os nervos das extremidades do corpo. Embora seja uma doença antiga e a cura já exista, o preconceito ainda é muito presente. Dados da Secretaria Municipal de Saúde(SEMSA), aponta para 64 novos casos na cidade registrados em 2009, desses 31 paucibacilar (forma mais branda) e 33 multibacilar (forma mais avançada).
Para esclarecer a mais sobre a doença, a Dra. Francimary Leão, dermatologista, que atende hansenianos (pessoas com hanseníase) na URES, pelo programa que o Ministério da Saúde tem com a secretarias municipais e estaduais de saúde, explicou o que é a doença, como diagnosticar e qual o tratamento.
A dermatologista informa que quanto mais cedo o diagnóstico menor as chances de transmissão, a cura é mais rápida, as seqüelas são diminuídas. As seqüelas são resultantes dos casos mais avançados não diagnosticado precocemente. Elas podem apresentar-se como úlceras, deformidades, chegando até as neurológicas: atrofia dos nervos, o doente pode ficar com o "pé caído", mão em forma de "garra", na qual o paciente precisa de acompanhamento com fisioterapeuta.
Ela explica que, geralmente, os infectados são de um poder aquisitivo menor, isso não significa que uma pessoa de um poder sócio-econômico maior não tenha, mas é raro. A transmissão é feita por vias aéreas ou com o contato com a secreção das feridas de um paciente infectado que ainda não tenha sido tratado.
A doença apresenta basicamente quatro formas, ela pode começar com uma mancha branca que pode ser adormecida ou não, nem todos os casos de hanseníase, a mancha é adormecida; pode se apresentar como manchas vermelhas; como caroços no corpo, vermelhos e pode ser uma infiltração de toda a pele, como se a pele tivesse toda infiltrada de uma cor diferente. "Às vezes, muitos pensam que isso é tradução de saúde: uma pele rosada, corada toda infiltrada, mas não é", esclarece a doutora.
Um fator que precisa ser valorizado é o adormecimento de extremidades. Os sinais que precisam ser considerados são: o adormecimento de uma determinada área do corpo; queda de pêlos em determinada área do corpo; uma área do corpo que não esteja suando normalmente.
A orientação é procurar um serviço de saúde o mais rápido possível. De um modo geral, os técnicos de saúde estão preparados.
A medicação é distribuída pela rede pública. Atualmente, são dois tipos de tratamento: o primeiro é tem duração de 6 meses para o s caso mais brandos da doença e o outro de 12 meses para os mais avançados.
Mensalmente, o paciente toma a medicação com uma dose administrada no posto de saúde e as demais doses em casa. A enfermeira explica que esse procedimento é preconizado pelo Ministério da Saúde para dar garantias ao paciente.
O tratamento garante a cura. De acordo com a doutora Francimary, os pacientes sentem uma melhora no aspecto da pele, significativa no primeiro mês, melhora cerca de 90% no aspecto das lesões, o que implica dizer que o tratamento não pode ser parado por conta disso.
Há também aqueles que apresentam reações ao tratamento, mas segundo a doutora, é apenas uma resposta dos microorganismos que estão sendo extinguidos do organismo. Nesse caso também o tratamento não pode ser descontinuado. A médica orienta que todas as reações sejam relatas ao médico que acompanha ao doente.
E em relação ao preconceito, a médica informa que, a partir do início do tratamento o ela de transmissão é cortado, ou seja não há risco de ser contaminado pela doença por alguém que esteja fazendo o tratamento.
Por isso a dermatologista diz que não precisa separar os objetos do doente, como prato, colher, copo, roupas e etc. "O recomendável é que todas as pessoas que tenham um contato mais próximo com o doente antes do tratamento sejam também acompanhados por especialistas, mas a partir do momento que o paciente inicia o tratamento não há com o que se preocupar", esclarece a doutora,
Quanto mais ajudar e proximidade dos familiares melhor, pois são fortalecedores da auto-estima do doente para o alcance mais rápido da cura.

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