terça-feira, 20 de abril de 2010

Diálogo reaberto: Ana Júlia espera fechar aliança com PMDB até o mês que vem


Ana Célia Pinheiro

A governadora Ana Júlia Carepa está otimista: embora não haja um prazo determinado para isso, ela acredita que a aliança como PMDB pode estar fechada até meados do mês que vem. “Pelo menos, vou trabalhar para isso”, disse a governadora, há pouco, à Perereca da Vizinha.


Ana não quis falar sobre a proposta entregue na noite de ontem ao presidente regional do PMDB, Jader Barbalho, pelo presidente regional do PT, João Batista, com vistas às eleições do próximo outubro.

Mas revelou que foi dela a idéia de ir à casa de Jader, na manhã de ontem, para conversar sobre a coalizão. E explicou o porquê:

“Todos os diálogos que temos tido, inclusive o último, apontavam para que a gente conversasse. Na democracia as lideranças têm de conversar, é natural. Então, por isso é que procurei o diálogo com o deputado (Jader), como tenho feito com outros partidos e lideranças”.

Perguntei à governadora se é verdade que ela e Jader já nem se falavam mais. Ela negou: “Eu tinha falado com ele por telefone há umas semanas. O que estava acontecendo é que a gente não estava conseguindo se encontrar. Mas o diálogo estava acontecendo”.

E acrescentou, mais adiante: “Se vai sair a aliança, não é uma resposta que eu tenha agora. O meu papel é procurar os partidos que integram o meu governo, para que a gente possa caminhar juntos. Isso é o que me move. Estou seguindo a estratégia das lideranças nacionais”.

Ana riu quando lhe perguntei se foi estratégica, também, a sua visita-surpresa à casa de Jader. E comentou: “ele é meu vizinho. Fui lá fazer uma visita ao meu vizinho!”

Disse que todas as conversas que manteve com Jader sempre foram muito amistosas e respeitosas: “Nunca deixamos de ser gentis; isso sempre foi uma marca das nossas conversas. Agora, na política, se discute quando há problemas a superar”.

Perguntei à governadora como ela via, em meio a todo esse esforço de negociação com o PMDB, até com a participação da direção nacional do PT, as críticas feitas, na semana passada, pelo deputado federal Zé Geraldo e pelo ex-chefe da Casa Civil, Cláudio Puty.

A resposta dela: “A gente não tem responsabilidade disso, assim como há críticas do PMDB a mim. Isso faz parte. As lideranças políticas têm liberdade de se expressar. Não creio que isso seja um problema. Vamos contornar isso e trabalhar no sentido de uma aliança ampla”.

Ana lembrou, porém, a dificuldade de aprovação, pela Assembléia Legislativa, do empréstimo de R$ 366 milhões que o Governo pretende contrair junto ao BNDES, para compensar as perdas decorrentes da crise financeira internacional.

“Há um fato inédito, que é a Assembléia Legislativa não aprovar esse empréstimo” – disse ela – “E penso que a preocupação de lideranças como o Zé Geraldo é muito mais nesse sentido. Ele sabe que os municípios estão precisando muito desses recursos”.

Perguntei também à governadora se é verdade, como diz o deputado Parsifal Pontes, que ela resolveu tomar as rédeas do próprio governo, em vez de deixar as articulações, apenas, nas mãos de interlocutores nacionais.

A resposta: “A idéia de ir lá foi minha. O PT é um partido nacional e uma coisa é a ajuda das lideranças, o que é importante. Agora, as rédeas têm de ser minhas mesmo e do partido. Quem vai fechar isso somos nós. A gente está conduzindo o diálogo com a nacional, porque as alianças também acontecem em nível nacional”.

Perguntei-lhe se admitia erros nas articulações políticas do governo, não apenas com o PMDB, mas, com a totalidade da base aliada.

“Reconheço que em todo processo político existem percalços. E, até numa relação familiar, existem situações em que, mesmo a gente se amando, há problemas. Cabe a quem tem liderança procurar superar isso”, respondeu.

Indaguei se está otimista, quanto à possibilidade de fechar a aliança com o PMDB nos próximos dias.

Disse ela: “Sou otimista por natureza. Acho que demos um passo. Sei que não é um processo da noite para o dia. Mas é um passo importante no processo de diálogo. Não podemos é perder tempo”.

Ana contou ter tido conhecimento de que vários prefeitos estiveram na Assembléia Legislativa, solicitando aos deputados a aprovação do empréstimo de R$ 366 milhões. E comentou: “Eles estão agindo legitimamente como líderes”.

Perguntei se considerava, como alegam alguns petistas, que o PMDB agiria, hoje, muito mais como inimigo do governo – seja devido às críticas veiculadas pelo grupo de comunicação dos Barbalho, seja em decorrência da relutância do partido em aprovar o empréstimo de R$ 366 milhões.

O que disse a governadora: “Acho que o PMDB é um aliado que está dentro do governo. Mas tem lideranças do PMDB que trabalham pela aliança, e tem outras que trabalham pela ruptura”.

Então, em que grupo se inclui o deputado Jader Barbalho? A resposta: “Jader está ouvindo. Como fez questão de dizer, não é o dono do partido. E vai fazer a sua avaliação em cima do que achar adequado. O que eu propus é que ele se paute pelos interesses do desenvolvimento do estado”.

E acrescentou: “Temos feito um governo inovador e estamos atraindo investimentos, como esses que resultaram na siderúrgica de Marabá. Estamos agregando valor aos nossos recursos naturais, estamos industrializando os nossos recursos. Aquilo que se sonhou durante muito tempo está finalmente acontecendo. Expus isso a ele (Jader). Falei sobre o Ofir Loyola que, pela primeira vez em muitos anos, não tem fila. Falei sobre isso: sobre todos esses imensos avanços”.

Ana disse que não foi fixado um prazo para o fechamento da aliança com o PMDB, embora esteja trabalhando para que isso aconteça nos próximos 15 dias ou até meados do mês que vem.

E observou: “Foi uma preocupação comum, nossa, a de que não podemos perder tempo. Vou trabalhar para fechar até o final do mês, mas, não posso criar expectativas. Espero que até meados do mês que vem isso esteja resolvido”.

E arrematou: “Sei que as coisas não são assim. Sei que isso merece um tempo. Quando as relações ficam difíceis, estremecidas, a gente tem de fazer um trabalho de reconquista, que nem acontece com dois namorados que têm de ter um tempo mínimo antes de poderem voltar”.

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