quarta-feira, 26 de maio de 2010

Grandes projetos

Lúcio Flávio Pinto

Editor do Jornal Pessoal


O BNDES se dispõe a investir 13 bilhões de reais na hidrelétrica de Belo Monte. É 30% mais do que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social emprestou a sete grandes empreendimentos na Amazônia nos últimos quatro anos. São cinco projetos privados e dois públicos, de infraestrutura, ambos de energia, que somam R$ 10,6 bilhões.

O maior de todos, de R$ 6,1 bilhões, é na hidrelétrica de Santo Antônio, no rio Madeira, em Rondônia, contratado em março do ano passado. A usina, que deve produzir 3.150 megawatts, tem orçamento de R$ 13,5 bi. E tem ainda a hidrelétrica de Jirau, no mesmo trecho do rio, com previsão de investimento de R$ 9,4 bilhões (se mantida a relação, de 50%, contra 80% em Belo Monte, serão mais de R$ 4 bilhões do banco estatal).

O segundo empréstimo, no valor de R$ 2,5 bilhões, é no gasoduto Urucu-Manaus, que parte de Coari e vai até a capital amazonense, já em operação. Na expansão da hidrelétrica de Tucuruí o banco comprometeu R$ 931 milhões. A MMX Amapá Mineração e Logística, que era de Eike Batista, conseguiu R$ 580 milhões. A Alcoa, no mais recente desses contratos, de novembro do ano passado, ficou com R$ 304 milhões para implantar a infraestrutura da mina de bauxita de Juruti na escala de 2,6 milhões de toneladas anuais de bauxita.

À Jari Celulose, do grupo Orsa (originalmente do americano Daniel Ludwig), foram reservados R$ 145 milhões. E para a Usipar instalar em Barcarena dois altos fornos para produzir 500 mil toneladas de ferro gusa e uma planta de sinterização, R$ 31 milhões.

A demanda por recursos do BNDES cresceu tanto que o FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), que constitui a principal fonte do banco, não deu conta. O governo decidiu entrar com verba volumosa do tesouro. Se os negócios nos quais o banco entrou derem certo, o dinheiro volta. Se não, vai para a conta da viúva. O governo Lula entrou com tudo na nova era dos “grandes projetos”. Nenhum deles se compara ao de Belo Monte: em volume físico de dinheiro e em potencial de risco.

Nenhum comentário: