Vivo fosse, faria hoje 70 anos uma das figuras mais agradáveis que o jornalismo paraense já produziu, Roberto Jares Martins, morto aos 52 anos de “uma doença de nome complicado”, como disse o Euclides “Chembra” Bandeira, àquela altura – e que eu, por algum tipo de bloqueio mental, nunca consegui lembrar. Nem o quero. Sim, somos primos, mas não considero suspeito fazer esses elogios a ele. Os muitos e muitos que o conheceram, que com ele trabalharam, como eu mesmo, tantos anos em A Província do Pará, sabem que é exatamente a verdade. Nossas mães, Inocência, a minha, e Carmen, a dele, eram irmãs e casaram com uns Martins, não parentes entre si. Assim, ficamos com sobrenomes iguais, sem sermos irmãos, mas sendo primos. Embora isso, nosso relacionamento se deu apenas quando ambos já adultos, curiosamente tendo ambos, por vias diversas, optado pela comunicação como crença e caminho de vida. Mas o dia é dele, deixa eu sair.
O Bob, como o chamavam os amigos, era dessas pessoas que, acredito, todo mundo gostava aqui pelas ruas de Belém. Cara sério, peito aberto, competente, amigo, chefe leal, orientador. Fez carreira completa no jornalismo, começando repórter pela Folha do Norte e Folha Vespertina, foi do vespertino A Vanguarda e de A Província do Pará, estas duas últimas, publicações dos Diários e Emissoras Associados, em Belém. Fez muito sucesso na TV Marajoara com programas como o social, de entrevistas, “Domingo, depois das 9” e o “Qual é o assunto?”, de reportagens variadas. Na Província, lembro-me bem da “Síntese Social”, “Roberto Jares faz oito colunas” e “Primeira Coluna”, que escreveu até seus últimos dias de trabalho.
O sucesso como profissional de jornalismo o levou ao mundo executivo, primeiramente dirigindo a TV Marajoara, depois os Diários Associados em Belém, como superintendente, chegando a postos nacionais da rede Associada.
Quando o governo Figueiredo extinguiu a Rede Tupi, a Marajoara foi uma grande vítima: se as do Rio e de São Paulo tinham problemas, como grandes dívidas, a de Belém estava muito bem, com vida empresarial saudável. Foi levada pela avalanche de outros interesses... Por sinal, a TV Marajoara não foi tirada do ar: o Jares, sempre bem informado, tendo certeza da publicação do decreto presidencial no Diário Oficial do dia 17/07/1980, encerrou a programação aos 17 minutos dessa sexta-feira. Não deu aos fiscais do governo o gostinho de tirar os cristais do transmissor!
Muitas homenagens foram feitas ao Bob, como essa ilustração lá em cima, do Biratan Porto, publicada em A Província do Pará de 24/11/1992 – não está inteira aqui, porque era página quase inteira e não coube no meu scanner. Ele é o patrono da Cadeira 5, da Academia Paraense de Jornalismo e tem até rua com o nome dele em Mosqueiro, que ele tanto amava.
Fica aqui um registro amigo e saudoso. Dizem que as pessoas mão fazem falta, que sempre podem ser substituídas. Hoje tenho muitas dúvidas sobre isso. Tem gente que faz e fará sempre falta para os parentes, para os amigos, para a empresa em que trabalhava, para a sociedade. O Jares é um desses.
Aqui abaixo, dois grande nomes da nossa tevê pioneira, a Marajoara, o Roberto Jares e o Abílio Couceiro, no cenário do “Qual é o assunto?” – foto do livro “Memória da Televisão Paraense”.
3 comentários:
Prezado amigo:
Talvez você não lembre, mas trabalhei na mesma época com você na Província. Eu era assistente do Sr. Jares a da Sra. Terezinha Siqueira, quando tivemos essa perda irreparável.
apenas para registro, a doença que vitimou nosso amigo até hoje lembro: esclerose múltipla lateral aminotrófica.
Abraços.
Ricardo Souza
ricardojjs@hotmail.com
Quando vi essa reportagem,fiquei muito triste por saber que ele já havia morrido ha dezoito anos sem ter tido a oportunidade de conhecê-lo.
Sou neta da Terezinha de Siqueira, estou precisando muito entrar em contato com a filha do Jares.
Caso possa me ajudar entre em contato pelo Whatsapp 981557984 , pois minha vó está muito idosa e impossibilitada de me ajudar a conseguir esse contato.
Preciso muito falar com a Nelita!
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