quarta-feira, 14 de julho de 2010

Para onde deve ir o Porto da Cargill?

Editorial do padre Edilberto Sena, no jornal da manhã da Rádio Rural:

Hoje deve surgir o julgamento técnico e moral sobre o porto da multinacional Cargill em Santarém. Logo mais acontecerá a audiência pública para se julgar o Relatório dos impactos Sociais e Ambientais da presença ilegal do porto graneleiro da empresa estrangeira, que há 10 anos vem sendo processada na justiça federal, por ter violado a lei do EIA RIMA.

Mesmo sabendo disso, a Cargill se escondeu por trás de uma licença imprópria da antiga SECTAM, hoje Secretaria estadual de meio ambiente (SEMA)do Pará e destruiu uma praia urbana e parte de um sítio arqueológico da Vera Paz, se instalando bem em frente da cidade, invadindo inclusive o belo rio Tapajós.

Os críticos desse projeto portuário, entre os quais os Ministérios públicos, federal e Estadual, garantem que os impactos negativos da presença do referido porto em Santarém, são graves e sem recuperação. O relatório apresentado pela empresa que fez o EIA RIMA, aponta 37 impactos provocados pelo porto, maioria dos quais negativos. Para os críticos, o relatório tendencioso aponta desculpas que chama de mitigações, contanto que o porto permaneça onde está.

Um exemplo de impacto constatado pelo RIMA para se compreender que as conseqüências negativas são graves e irreversíveis. Ele admite que, com o asfaltamento da rodovia Santarém Cuiabá, ora em andamento, gerará um fluxo de 10 mil carretas carregadas de soja por safra. Imagine-se o aumento de prostituição, HIV, drogas e agressões pessoais na cidade. Além disso, a estrutura de trânsito da cidade não comporta 10 mil carretas trafegando pelas ruas precárias e sem perspectiva de melhoria.

Os críticos do porto perguntam se a população santarena aceitará tais conseqüências em nome do progresso. Justifica manter um porto com tais impactos prejudiciais à sociedade e ao meio ambiente, só porque o porto está implantado e sua retirada causaria grandes prejuízos à empresa? A multinacional sabia desde o início que a licença dada pelo Estado do Pará era ilegal. Além disso, prejuízos maiores terá Santarém e seu povo, caso o porto continue onde está. Tudo isso será analisado e julgado hoje na audiência pública de logo mais.


Nota da redação.

Pluralista como ele só, o Blog do Estado traz ao conhecimento de seus leitores o posicionamento do padre Edilberto Sena, diretor da Rádio Rural, sobre o porto da Cargill, uma vez que o assunto é polêmico e suscita diversas interpretações.

Mas a posição editorial do Blog do Estado é de apoio à permanência do terminal de grãos aonde está, a não ser que a tese de retirada do porto da praia da Vera Paz se estenda ao porto da CDP, já que o terminal é apenas um retroporto.

O Blog do Estado considera importante o debate sobre o assunto, mas não vê, a priori, que a responsabilidade por devastação ambiental na região tenha uma relação direta com a construção do porto da Cargill. E que somente a empresa seja responsabilizada pelo aumento da prostituição, mazela social existente em qualquer lugar do mundo.

Por fim, o Blog do Estado confia no cumprimento da legislação ambiental brasileira e espera que o órgão licenciador exige as compensações devidas pela Cargill ao povo santareno.

Um comentário:

Anônimo disse...

Edson Cardoso

Me parece que o Padre Edilberto Sena é muito radical quando se trata de qualquer coisa que venha a trazer progresso a região, porque se fosse realmente contra a devastação do meio ambiente, olharia mais para o esgoto que derrama milhares de m3 de sujeira todo santo dia em frente a cidade, esse sim esta acabando com nossas praias, a sujeira que esta acabando lentamente com o lago do mapiri, só para citar alguns exemplos práticos. Se não pode ou não quer ajudar, também não atrapalhe, o povo precisa de emprego de melhor modo de vida, saúde, e até lazer, mas isso só virá se tiver investimento em nossa cidade, caso contrário o povo viverá sempre como quer o padre, na miséria servindo de massa de manobra para espertinhos de planão, como ele, que só ve desgraça em tudo, mas na prática não faz nada de concreto que venha ajudar ninguém a melhorar de vida.