quarta-feira, 24 de novembro de 2010

O caos no atendimento hospitalar do SUS em Santarém

Miguel Oliveira
Editor-chefe

A demora no atendimento ao policial federal ferido com a própria arma enquanto fazia um treinamento de tiro, sexta-feira, no novo Pronto Socorro Municipal, reacende a discussão quanto à precariedade do atendimento de emergência do SUS em Santarém.

O caso do escrivão da PF não é, todavia, diferente dos casos de anônimos que passam pelas mesmas agruras nos corredores do PSM. Mas o que chama atenção em todos segmentos médicos é que a deficiência no atendimento do SUS não é obrigatoriamente por falta de recursos.

A queixa recorrente da falta de verbas para a saúde estranhamente não se aplica a Santarém o que, de pronto, parece um disparate já que vemos todos os dias, pela televisão, o caos ocasionado pela falta de repasses financeiros ao setor de saúde na maioria dos municípios brasileiros.


Mas em Santarém até que, se não sobra dinheiro, pelo menos não falta. Mas abundam problemas. Por quê?

Esperava-se que a família Martins, que se encastelou na prefeitura de Santarém, formada em sua maioria por profissionais da área médica, não fez seu dever de casa. Publicamente, lavou as mãos, entregando formalmente a Semsa ao PMDB.

Por quais motivos sobram problemas no HMS?

O primeiro é político. Foi implantado o terrorismo político contra bons profissionais. O segundo dá-se no âmbito da imposição de idéias retrógradas de gestão. O terceiro viés é institucional. A Prefeitura Municipal tenta apartar-se do Hospital Municipal, relegando-o à uma unidade sem orçamento.


Por isso, não é de se estranhar, embora se tenha que lamentar, o caos instalado no Hospital Municipal e sua apêndice, o Pronto Socorro. Faltam remédios básicos, como dipirona. Não há médicos suficientes. Há vícios no relacionamento médico-paciente. A administração é apática.


Infelizmente, esse retrato do caos já produziu mortes, no caso do desabamento de uma maloca. E continua produzindo vítimas, apesar de engordar o caixa, por exemplo, de uma cooperativa médica.


Dinheiro, aliás, parece que não é o problema no HMS.


O problema é de gestão.


Até quando, Santarém?

3 comentários:

Anônimo disse...

Miguel:

Parabens pelo texto sobre o caos na saúde pública em Santarém. Então, Pergunto-me se o prêmio nacional que o referido secretário municipal foi agraciado e alardeado em vários outdoors na cidade está relacionado a tudo isso?

De uma passadinha no site do PAJU (www.paju.net.br) e veja o que um dos membros do grupo (dr. Erik Jennings) escreveu sobre o "novo" pronto socorro de Santarém.

Cordial abraço

Podalyro Neto

Anônimo disse...

Miguel Oliveira, não esqueça de relacionar também que quando a Prefeita Maria do Carmo inaugurava o novo PSM, a emergência do antigo caia sobre os pacientes.

Anônimo disse...

Pelo que parece...hoje somos dependentes do Hospital Regional. Pois, segundo comentam pela cidade, esse policial tinha falecido se não tivesse ido para o HR. Ai a situação do PSM ia ficar feia!!Mas, e quando o HR estiver lotado e não puder dar suporte, o que faremos? Ficaremos nas mãos de Deus?