segunda-feira, 23 de maio de 2011

Salve Dulce dos Pobres, a beata baiana

Mais de 70 mil pessoas estiveram presentes na beatificação da brasileira que teve a vida de dedicação ao próximo reconhecida pela Igreja Católica. O Anjo Bom da Bahia agora serve de exemplo para fiéis de todo o mundo
 
Débora Álvares -Correio Braziliense



Folha Press


Chuva, multidão e fé marcaram, ontem, em Salvador, a beatificação de Irmã Dulce, o Anjo Bom da Bahia. A cerimônia seguiu o roteiro litúrgico do Rito de Beatificação do Vaticano, tradição milenar na Igreja Católica. Começou por volta das 18h, após o relato da trajetória de Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes, a freira que ficou conhecida no mundo pela caridade e pela dedicação aos necessitados. Além disso, também foi anunciada a data que vai lembrá-la — 13 de agosto — e divulgada a foto oficial da nova beata, chamada agora de bem-aventurada Dulce dos Pobres.

No início do ritual, o arcebispo de Salvador, dom Murilo Krieger, solicitou ao papa que inscrevesse o nome da freira na lista dos santos e beatos da Igreja. Em seguida, o cardeal dom Geraldo Majella Agnelo, ex-arcebispo de Salvador, pediu, em nome do papa, que fosse lida a biografia de Irmã Dulce. Logo depois, ocorreu a leitura do decreto, propondo-a como exemplo cristão para os fiéis. Só então foi descoberta a foto da nova beata.

Agraciada pelo primeiro milagre de Irmã Dulce reconhecido pela Igreja Católica, Cláudia Cristiane dos Santos participou de um dos momentos mais marcantes da celebração. Após a leitura da mensagem do papa que tornou Irmã Dulce beata, ela; Maria Rita Lopes, sobrinha da religiosa; e uma freira da Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, onde Irmã Dulce se tornou freira, levaram ao altar flores e a relíquia da beata — um pedaço do tecido do hábito que pertenceu a ela. “É um sentimento muito forte”, disse Cláudia. Cometida por uma hemorragia pós-parto grave e desenganada pelos médicos após o nascimento do segundo filho, Gabriel, ela recebeu a graça de cura.

A vida e a obra da bem-aventurada Dulce dos Pobres foram lembradas também em Roma, onde o Papa Bento XVI felicitou os brasileiros, em português, durante a Oração Regina Coeli. “Desejo também unir-me à alegria dos pastores e dos fiéis congregados em Salvador para a beatificação de Irmã Dulce Lopes Pontes, que deixou para trás uma prodigiosa pegada de caridade a serviço dos mais pobres, fazendo com que todo o Brasil visse nela a mãe dos desamparados”, disse a autoridade máxima da Igreja Católica, na Praça de São Pedro, no Vaticano. Durante a missa, o pontífice se referiu ainda à beatificação da madre Maria Clara do Menino Jesus, ocorrida no sábado, em Lisboa.

Roberto Stuckert Filho/PR
Dilma foi à cerimônia e conheceu Gabriel, filho da mulher que recebeu o milagre

A Igreja Católica começou a avaliar a vida de Irmã Dulce para considerá-la beata em janeiro de 2000. Nove anos depois, com base na farta documentação analisada, ela foi declarada venerável — ou seja, uma pessoa que teve uma vida de santidade. A beatificação é a oficialização de que essa vida dedicada ao bem precisa servir de exemplo para fiéis católicos de todo o mundo.

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