quarta-feira, 29 de junho de 2011

Fumaça


Lúcio Flávio Pinto

Uma diferença substancial responde pela queda no nível e no grau de representação dos parlamentos no Brasil, em particular no Pará: ao invés de serem intermediários ou intérpretes da sociedade, os políticos usam seus cargos na defesa dos seus interesses ou dos esquemas e grupos a eles associados. Muitos empresários, ao invés de financiar campanhas eleitorais de terceiros, tornaram-se eles próprios candidatos. O dinheiro lhes possibilitou a vitória.

Causa escândalo – embora não chegue exatamente a surpreender – as iniciativas de determinados parlamentares. Quando eles estão no foco direto da opinião pública, as duas reações se tornam siamesas. Pouco tempo atrás um vereador de Belém apresentou projeto para que em determinada esquina da cidade fosse alterado o uso e o gabarito para permitir a construção de um supermercado. O beneficiário parece não ter tido recursos suficientes para usufruir da exceção aberta.

Agora uma vereadora quer que voltem os fumódromos à capital paraense. Alega que a proibição integral viola a liberdade individual. As pessoas poderão voltar a fumar em recintos fechados, mas confinadas. O retrocesso é evidente e de pasmar. Os viciados no fumo já se haviam adaptado à proibição, como quase sempre acontece ao ser humano. Aqui e em outros lugares onde essa postura providencial foi adotada. Os donos dos restaurantes e casas de diversão é que devem ter sentido o golpe dado na sua parte mais sensível: o bolso. Sensibilidade à qual a vereadora parece estar bem atenta.

Espera-se que o prefeito tenha o bom senso de vetar o nada altruístico projeto.

Um comentário:

Anônimo disse...

A vereadora Tereza Coimbra legislou em causa própria, ela vive mais na garagem da Câmara fumando do que no plenário, e já condicionou o apoio ao prefeito Duciomar à sanção da lei, uma vergonha !