quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Ocupação e reintegração de posse em Santarém podem oferecer explicações várias

Padre Ediberto Sena
Editorial da Rádio Rural de Santarém

  Santarém acaba de experimentar a maior ocupação de terra por sem tetos em área urbana. Ali passaram 3 meses, esperando ganhar um terreno para morar, ou vender. Cerca de 150 sem tetos já haviam construído um tapiri e estavam morando dentro. Finalmente chegou um verdadeiro batalhão, um aparato de guerra para realizar a reintegração de posse.
  Já estava perdendo credibilidade a ordem judicial expedida há mais de 40 dias, sem execução. Os ocupantes  já tinham expectativa de ganhar seu lote, orientados por um líder de ocupação, que lhes garantia vitória, ao custo de 10 reais por mês para ele cuidar das negociações.
   Ontem o sonho acabou, a ilusão de ganhar um teto barato se desmoronou. Uma das informações diz que houve um acordo entre o governo do Estado, a prefeitura e auto intitulado líder da ocupação. Daí a ação pacifica de reintegração de posse pelo batalhão armado das polícias.
   O que está por trás das palavras publicadas sobre a experiência da maior ocupação de terra improdutiva, por 3 mil sem tetos e a pacífica retirada de todos? Choro, indignação e denúncias foram os desabafos dos enganados ocupantes retirantes.
   Uma das questões a busca de resposta: por que a maioria dos ocupantes confiou no repentino líder, gastando seu pouco dinheiro para ele resolver um problema tão inseguro?  Qual é a história desse “valente Robin Wood” mocorongo, que toma terras dos ricos para distribuir aos pobres sem teto? Como confiaram tão fácil?
   Outra questão: por que a polícia militar retardou tanto a executar a ordem judicial de reintegração de posse? seria medo de enfrentar o conflito? seria jogo de interesse de seus superiores que retardou a ordem de entrar na ocupação e retirar os ocupantes?
   E ainda, como a justiça protege um proprietário de latifúndio improdutivo na periferia da cidade, que assim estava sem uso por dezenas de anos? Por fim, o butim de guerra ficara agora à mercê dos governos, estadual  e  municipal e do líder Robin Wood, que certamente não terá como atender a todos seus protegidos.
  Como ficará a vida dele, após a retirada dos ocupantes? A maioria está indignada com ele. Essa experiência de ocupação de terras, a maior até agora em Santarém ainda vai ter conseqüências e dará o que falar.

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Um comentário:

Anônimo disse...

Padre. o terreno que a igreja possui no mararu, qual a extensão dele?será que todo ele é usado?, não daria para colocar algumas dessas famílias lá?