quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Vicente Sales, o múltiplo e único


Lúcio Flávio Pinto
Articulista de O Estado do Tapajós

Só quando já estava de volta a Brasília, Vicente Salles leu a mensagem que lhe enviei parabenizando-o pelos 80 anos. data que comemorou recebendo título honorífico que a Universidade Federal do Pará lhe concedeu, no dia 2.
Minha mensagem foi a seguinte: Antecipo-me à festa que a Amazônia justamente fará para comemorar a felicidade e o fado de vê-lo chegar aos 80 anos de uma vida excepcionalmente lúcida e produtiva. Poucas pessoas fizeram tanto quanto você para abrir nossos olhos para compreender a nossa região, tratá-la melhor e exaltá-la à altura do seu merecimento. Muito obrigado, em particular, pelas tantas lições que me deu, ao escrever ou ao simplesmente viver como um caboco altaneiro e justo. Muita saúde e muitos anos mais de vida, para desfrute e alegria de nós todos”.
A resposta de Vicente é a melhor descrição que alguém podia fazer sa festa que a UFPA, com tanto acerto e felicidade, preparou em reconhecimento ao doutor honoris causa e mestre emérito que Vicente efetivamente é. Com sua inesgotável generosidade e compreensão perdoando minha ausência por motivo de força maior, escreveu:
“Sei de suas inúmeras tarefas e em especial da luta para botar o Jornal Pessoal na rua. Adquiri a bela edição de "Tucuruí a barragem da ditadura" e vi os intensos combates pela divisão do Pará e fiquei pensando novamente em Dom Quixote e na ilha sonhada por Sancho...
A festa na Universidade foi bonita. Começou com um conjunto musical de Bragança, houve discursos e terminou apresentações de diversos conjuntos, do cantochão, do coro de meninos da periferia, até com o solo de uma netinha do Isoca, e tudo terminou com os quilombolas do baixo Tocantins. Entre os músicos do quilombo um surpreendente banjo feito com lata de goiabada e cordas de linha de pescar... Bela lição para os meninos do barulho que têm dinheiro para comprar equipamentos eletrônicos da última geração. Merecia registro essa contrafação da indústria cultural, mas hoje já não ando com os equipamentos de pesquisador.
E foi lançado o CD+DVD com registro de bandas de música da capital e do interior, projeto que sonhei em l996, quando diretor do Museu da UFPA e executado sob o comando de Margaret Refkalefsky.E entreguei à diretora da gráfica da UFPA os originais do primeiro volume de "Traços e Troças", a memória do nosso humor. Rir faz bom sangue, receitou o nosso dr. Hesketh Conduru...
Grato mais uma vez e vai o abraço do caboclo velho. Vicente + Marena” (sua esposa).

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