segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Flexa com Jader: como entender?



Lúcio Flávio Pinto
Articulista de O Estado do Tapajós

Belém - Deve ter causado surpresa a presença de Fernando Flexa Ribeiro à solenidade de posse de Jader Barbalho. Por muitos fatores. O PSDB do primeiro litiga com o PMDB do segundo senador no plano federal, um na oposição e outro na “base aliada” da presidente Dilma Rousseff. Na arena local as relações ainda não são (ou não eram) claras. O PMDB tem dado apoio ao governador Simão Jatene, embora não de forma constante. Nos últimos tempos, a simpatia tem sido crescente pelo senador Flexa Ribeiro, que passou a receber maior espaço no Diário do Pará.

Essa aproximação está sujeita a riscos. Flexa tem (ou tinha) o endosso de O Liberal, que trata o governador tucano com menos deferência, alternando aproximação e distanciamento (ao ritmo do tilintar de moedas, é claro). Essa inconstância dos dois principais pólos de poder no Pará (entre os Maiorana e os Barbalho) reflete a indefinição do quadro político para as eleições municipais deste ano. Quais as coligações que serão formadas a partir desses dois eixos? Como se comporão os diversos interesses conflitantes?

Ao ocupar um lugar na mesa que comandou a posse de Jader no Senado Flexa não apenas estava pagando um tributo ao passado (foi sua campanha pela segunda vaga em disputa, sem colidir com quem estivesse na disputa pelo primeiro lugar, que lhe assegurou a vitória e a liderança da concorrência), mas provavelmente assumindo uma posição de vanguarda.

Flexa é candidato a candidato tucano à prefeitura de Belém, mas, se dependesse apenas da vontade de Jatene, o escolhido seria o deputado federal Zenaldo Coutinho, que teve mais votos na capital na última eleição. A volta de Barbalho ao jogo efetivo do poder revitaliza o PMDB para, mais uma vez, ser o fiel da balança. Se fechar algum tipo de acordo com os peemedebistas, ainda que para um eventual 2º turno (que parece inevitável em Belém), Flexa terá argumentos mil para deslocar o favoritismo de Zenaldo e impor seu nome.

Nesse caso, ele deixará de ser o candidato de O Liberal, já que os Maiorana, numa versão canhestra de Churchill na Segunda Guerra Mundial, estão dispostos a se aliar até ao diabo para combater o anhanga, exorcizado em seus editoriais, da mesma maneira que o primeiro-ministro da Inglaterra iria aos infernos contra Hitler? É a questão, que pode ser vista por um prisma multifacetado, no qual as várias cores não têm qualquer significado ideológico, ético ou moral. O que conta é a vantagem pessoal, o ganho particular de cada um dos atores em cena.

Se o prefeito Duciomar Costa levar a sério a candidatura do ex-governador Almir Gabriel, pelo PTB, tendo como contraponto o ex-prefeito e atual deputado estadual Edmilson Rodrigues pelo PSOL e (quem sabe) Arnaldo Jordy pelo PPS e algum aliado arranjado, a PSDB e PMDB a aliança não seria a única maneira de apresentar um candidato à altura? Fernando Flexa Ribeiro seria esse nome, a desafiar todos os fatores adversos e as leis da lógica e da coerência.

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