quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Populismo eletrificado

A intenção do governo aparentemente é muito boa: reduzir a conta de luz em 20% para a população e a indústria.

Mas o que poderia ser feito com medidas como redução de impostos e do custo Brasil pode ocorrer na marra, na intervenção pura e simples no mercado. Por uma medida provisória, a 579, a pretensão é abaixar os preços na canetada.

O resultado está aí. Em três dias, a Eletrobras, maior geradora de energia elétrica do hemisfério sul, perdeu um terço de seu valor de mercado. Apenas na última segunda-feira a queda das ações da estatal foi de 15,4%.

Os acionistas simplesmente perceberam que quando as novas regras entrarem em vigor a empresa não terá condições de pagar dividendos. Nas inexoráveis regras do mercado a consequência foi lógica: vender os papeis, e quanto mais rápido melhor.

O preço das ações da Eletrobras caiu ao nível de agosto de 2005. A Eletrobras perdeu R$ 1,8 bilhão em valor de mercado somente anteontem e assistiu ao desaparecimento de R$ 7,9 bilhões desde 11 de setembro, quando foi publicada a MP 579. Ao longo deste ano, a estatal já perdeu R$ 15,2 bilhões em valor de mercado.

- Ontem, foi a vez das ações da Eletrobras caírem na bolsa de Nova Iorque em 6,6%. 

De acordo com os analistas do setor, a única saída para a Eletrobras é a capitalização da empresa. Mas se o aporte ocorrer por meio de recursos públicos o governo estará fazendo a tradicional cortesia com chapéu alheio. Por um lado a população paga menos pela energia e por outro subsidia uma estatal deficitária por meio de impostos.  

Como é controlada pela União, a Eletrobras não tem saída. Precisará aceitar as regras do governo contidas na MP 579. Além disso, de acordo com as novas determinações, os R$ 31 bilhões que precisaria receber do governo por investimentos já feitos e ainda não amortizados serão reduzidos para R$ 14 bilhões.

A colunista de O Globo, Miriam Leitão fez os cálculos: até 2017 a perda da Eletrobrás será de 20 bilhões em perda de receitas e R$ 17 bilhões na falta de indenizações. A soma é de R$ 37 bilhões. Em outras palavras, a empresa está praticamente quebrada. 


O prejuízo se estende a outras operadoras, como a Cemig e a Cesp. Por uma política populista, o governo pretende fazer uma ação de terra arrasada. Ontem, o senador Aécio Neves praticamente bateu boca com o secretário executivo do Ministério de Minas e Energia, Marcio Zimmermann, um dos idealizadores das mudanças no setor.

Em entrevista publicada hoje na Folha de S. Paulo, o ex-presidente da Eletrobras, Luiz Pinguelli Rosa diz que apoia a luta da presidente Dilma Rousseff para abaixar as tarifas, mas condenou os métodos utilizados pelo governo.  Para ele, se nada for alterado, nem o consumidor vai obter a almejada redução de tarifas.  

“O governo deveria voltar atrás, rediscutir as tarifas e talvez atacar por outro lado. Tem que discutir qual a remuneração mínima para ter uma sobrevivência econômica adequada das empresas”, afirmou Rosa.

Diminuição de tarifas sim, mas sem destruir o patrimônio público e privado do brasileiro. Dessa maneira o barato tende a sair muito caro. Os apagões, no caso, podem até ser uma consequência menor.

Fica a pergunta: com uma mudança de regras tão brusca e feita dessa maneira, que empresário terá coragem de investir no setor elétrico brasileiro daqui para frente?(Rede Democratas)

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