Mas o que poderia ser feito com medidas como redução de impostos e do
custo Brasil pode ocorrer na marra, na intervenção pura e simples no
mercado. Por uma medida provisória, a 579, a pretensão é abaixar os
preços na canetada.
O resultado está aí. Em três dias, a Eletrobras, maior geradora de
energia elétrica do hemisfério sul, perdeu um terço de seu valor de
mercado. Apenas na última segunda-feira a queda das ações da estatal foi
de 15,4%.
Os acionistas simplesmente perceberam que quando as novas regras
entrarem em vigor a empresa não terá condições de pagar dividendos. Nas
inexoráveis regras do mercado a consequência foi lógica: vender os
papeis, e quanto mais rápido melhor.
O preço das ações da Eletrobras caiu ao nível de agosto de 2005. A
Eletrobras perdeu R$ 1,8 bilhão em valor de mercado somente anteontem e
assistiu ao desaparecimento de R$ 7,9 bilhões desde 11 de setembro,
quando foi publicada a MP 579. Ao longo deste ano, a estatal já perdeu R$ 15,2 bilhões em valor de mercado.
- Ontem, foi a vez das ações da Eletrobras caírem na bolsa de Nova Iorque em 6,6%.
- Confira: http://migre.me/bZvkN
De acordo com os analistas do setor, a única saída para a Eletrobras é a
capitalização da empresa. Mas se o aporte ocorrer por meio de recursos
públicos o governo estará fazendo a tradicional cortesia com chapéu
alheio. Por um lado a população paga menos pela energia e por outro
subsidia uma estatal deficitária por meio de impostos.
Como é controlada pela União, a Eletrobras não tem saída. Precisará
aceitar as regras do governo contidas na MP 579. Além disso, de acordo
com as novas determinações, os R$ 31 bilhões que precisaria receber do
governo por investimentos já feitos e ainda não amortizados serão
reduzidos para R$ 14 bilhões.
A colunista de O Globo,
Miriam Leitão fez os cálculos: até 2017 a perda da Eletrobrás será de
20 bilhões em perda de receitas e R$ 17 bilhões na falta de
indenizações. A soma é de R$ 37 bilhões. Em outras palavras, a empresa
está praticamente quebrada.
- Leia a coluna: http://migre.me/bZwwC
O prejuízo se estende a outras operadoras, como a Cemig e a Cesp. Por
uma política populista, o governo pretende fazer uma ação de terra
arrasada. Ontem, o senador Aécio Neves praticamente bateu boca com o
secretário executivo do Ministério de Minas e Energia, Marcio
Zimmermann, um dos idealizadores das mudanças no setor.
Em entrevista publicada hoje na Folha de S. Paulo, o
ex-presidente da Eletrobras, Luiz Pinguelli Rosa diz que apoia a luta
da presidente Dilma Rousseff para abaixar as tarifas, mas condenou os
métodos utilizados pelo governo. Para ele, se nada for alterado, nem o consumidor vai obter a almejada redução de tarifas.
“O
governo deveria voltar atrás, rediscutir as tarifas e talvez atacar por
outro lado. Tem que discutir qual a remuneração mínima para ter uma
sobrevivência econômica adequada das empresas”, afirmou Rosa.
- Leia aqui: http://migre.me/bZx1P
Diminuição de tarifas sim, mas sem destruir o patrimônio público e
privado do brasileiro. Dessa maneira o barato tende a sair muito caro. Os apagões, no caso, podem até ser uma consequência menor.
Fica a pergunta: com uma mudança de regras tão brusca e feita dessa
maneira, que empresário terá coragem de investir no setor elétrico
brasileiro daqui para frente?(Rede Democratas)
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