sexta-feira, 25 de abril de 2008

Eleição em Belém: nada vai mudar?

Lúcio Flávio Pinto
Editor do Jornal Pessoal e articulista de O Estado do Tapajós

O chefe da casa civil do governo, Charles Alcântara, que era um dos cinco auxiliares mais influentes e poderosos da governadora Ana Júlia Carepa, caiu por vários motivos. Os mais numerosos se engatam nas complicadas teias internas do PT, que são tecidas como se pertencessem a uma seita religiosa. Mas a causa principal foi a associação de Charles a uma estrutura de poder paralela à do PT, variando pendularmente entre a aliança e a hostilidade. Como o chefe da casa civil era o mais assíduo e demorado interlocutor do deputado federal Jader Barbalho, os petistas roxos passaram a achar que ele estava mais a serviço dos interesses do PMDB do que dos do PT, ou pelo menos já não conseguia distinguir os dois âmbitos.
Quando a possível candidatura do ex-deputado José Priante transbordou dos bastidores para as ruas com toda aparência de um movimento orquestrado e bem desenvolvido, a participação de Charles nessa entente passou a ser classificada como traição. Sua cabeça foi oferecida como trunfo na bandeja da candidatura pura ou ideológica. Foi demitido de súbito e o decreto de exoneração não mencionou o “a pedido”, que mantém as aparências de acordo entre as partes. O PT apresentará candidato a prefeito de Belém e, no máximo, oferecerá o segundo lugar na chapa para quem esteja disposto a acompanhá-lo. Cabeça de chapa para o PMDB, nunca mais. Na capital, é claro.
Por efeito gravitacional dessa decisão, o candidato é o ex-secretário de educação, Mário Cardoso, que durou pouco na administração de Ana Júlia, não é de sua simpatia nem aparece como nome eleitoralmente forte em Belém neste momento. Mas contará com o calor da máquina oficial para adquirir consistência e ser candidato com possibilidades reais de vitória? É uma hipótese, a mesma que o PT tem apresentado no interior para viabilizar os nomes que lhe interessam apresentar nos municípios mais importantes do Estado (mesmo onde possíveis aliados já sejam politicamente fortes).
Um dos principais instrumentos de convencimento dos interlocutores são as obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), o dolorido parto da ministra Dilma Roussef feito pelo presidente Lula. Se o governo der respaldo ao candidato, mesmo que por vias e travessas, estará afastada a ameaça que paira sobre Mário Cardoso, de ser “cristianizado” (como foi o candidato do PSD, Cristiano Machado, na eleição que favoreceu a vitória de Getúlio Vargas, em 1950)? Ou o grupo que tenta uma composição mais ampla com o PMDB ainda conseguirá arranjar um novo desfecho?
Será que realmente esse desfecho contraria o projeto de conurbação, a partir do alto, entre o PT, o PMDB e o PTB, que estão na base aliada de Lula? Jader Barbalho estava empenhado mesmo em garantir a viabilidade da candidatura do primo, José Priante? Através de uma nota no seu jornal, ele declara que não só estava como Priante será agora o candidato do PMDB. A declaração é mesmo para valer?
Mesmo que seja, de fato a inviabilização da aliança PT-PMDB para apoiar Priante contrariou os seus planos, ou ele acaba tirando alguma vantagem dessa nova situação? O lançamento da candidatura de Priante pelo PMDB, sem o PT, com chances remotas de vitória, atende a um compromisso com o correligionário e, ao mesmo tempo, credencia o PMDB para o 2º turno, que se tornará quase inevitável com a pluralidade de candidaturas prevista para o 1º turno?
A continuar assim, o ambiente eleitoral pode acabar se tornando propício a alguma surpresa, a um azarão, que se desvencilhe dessa promiscuidade toda. Embora dificilmente essa novidade venha a resultar em mudança de verdade.

Um comentário:

Anônimo disse...

Caso o Lucio Flávio Pinto leia esse Blog, gostaria de lhe perguntar o por que dele nunca ter referido nem supostamente investigado,sim o que acho ser muito difícil, as relações perigosas dos Irmão Carepas com o ex-Secretário de Saúde e com o ex-........ deles Felipe Alves .