segunda-feira, 23 de junho de 2008

Santarém, 347 anos


REFRESCO ‘RALA-RALA’ É DESCONHECIDO PELA GAROTADA

Alessandra Branches
Repórter


O 'rala-rala', bebida típica regional perdeu espaço nas quermesses juninas e nas esquinas de Santarém. Além do sabor das frutas, o fascínio pela bebida com gelo triturado era garantido pelas habilidades do vendedor em raspar finas camadas de gelo com uma amolada lâmina envolva por um magazine de alumínio. O artefato deslizava por sobre o gelo colocado sobre uma prancha afixada sobre um carrinho de rodas de bicicleta. Em volta, o vendedor exibia garrafas brancas de refrescos das mais diversas cores. O freguês escolhia qual sabor queria misturar com o gelo.
Mas isso é coisa de Santarém da década de 70. Hoje em dia, iguais aos de 'rala-rala' só remanescem os carrinhos de pipoca. Mas a reportagem de O Estado do Tapajós descobriu um dos últimos 'rala-rala' da cidade. É seu Manoel Armando, o 'raleiro' que ainda faz ponto às proximidades do Mercadão 2000.
"Sempre trabalho com seis ou sete sabores, hoje trouxe maracujá, groselha, cupuaçu, coco, laranja, gengibre, menta e limão", conta seu Manoel Armando, mais conhecido "Raleiro" dizendo que é um dos poucos vendedores que ainda trabalham em Santarém. "Muita gente desistiu de trabalhar e procurou outro ramo. Eu continuei e hoje, sou um dos poucos que ainda vendem a bebida, inclusive, sou convidado para participar de festas juninas", ressaltou Marquinho explicando que as pessoas mais velhas matam a saudade da bebida e lembram da época em que eram estudantes.
O 'rala-rala' tem o gosto da saudade para muitos adultos. O deslizar da lâmina desafia a comodidade de servir os sorvetes industrializados. "Ainda encantamos as novas gerações com a simplicidade de servir um 'rala-rala', assim como vendíamos nas festas juninas", lembrou contando que ainda vende mais de 70 copos por tarde e que dificilmente é convidado para participar e vender 'rala-rala' ou 'raspa-raspa' em quermesses. "É muito difícil a gente ir, mas quando abrem espaço, eu vou", concluiu.

2 comentários:

Anônimo disse...

Parabéns, pela matéria, o sebastião tapajós falou no especial da TV Guarany que ele sente saudades do rala-rala.

Anônimo disse...

Sr Editor
Também nos grandes centros essa prática vem sendo deixada de lado.
Em São Paulo o nome é "raspadinha" e era obrigatório ter em cada campo de futebol de várzea. A várzea paulistana acabou e a raspadinha também se foi. Em Belém já vi carrinhos mais sofisticados mas sem o mesmo carisma desses antigos.

Antenor Giovannini