Sebastião Imbiriba
Articulista de O Estado do Tapajós
Há entendimento unânime de que oficiais de Estado não podem participar de atividades políticas. Neste caso incluem-se os que exercem funções judiciais, fiscais, militares e policiais. Uma interpretação, possivelmente falsa, desta premissa democrática do Estado de Direito nos trouxe à presente situação. Após eleições invalidadas, ainda pendentes de decisão final no Supremo Tribunal Federal, nos preparamos para eleger o prefeito de Santarém.
As forças que se deparam num cenário de possibilidades de sucesso eleitoral são as comandadas por Maria do Carmo, Lira Maia e Antonio Rocha. Três forças que, sozinhas, são insuficientes para conduzir seus candidatos à chefia do município, mas que unidas duas contra uma, aumentam a probabilidade de vitória. Isto foi plenamente provado na recente eleição invalidada. Maria e Antonio juntos foram vitoriosos.
Este "Segundo Turno", no entanto, é uma nova eleição e o que valia na primeira não se aplica na segunda.
Antonio Rocha sabe que tem faca e queijo na mão. A facção de Maria depende do apoio dele, e sabe disto. A de Lira Maia também sabe. Maria e Lira Maia terão que oferecer o que puderem em troca do apoio de Rocha. Ambos já demonstraram explicitamente que desejam tal acordo. Há
quem diga que Lira Maia ofereceu apoio ao candidato que Rocha indicar.
Everaldo Martins, em nome de Maria, não fica atrás, só que ainda tenta indicar candidato.
A decisão não depende apenas de Antonio Rocha. Jader ainda não se manifestou e pode usar o caso de Santarém para, mais uma vez, colocar em cheque a governadora Ana Júlia. O caso seria matéria será estritamente paraense, dependendo da qualidade do cacife de Maria e de
Ana em nível federal para forçar a direção de Jader. Para isto teria que haver explícito e improvável pedido de Lula. Assim, Santarém será o gambito de Jader para promover seus interesses com vistas às próximas eleições estaduais.
Estamos, desta forma, entregues às decisões de Jader Barbalho e Antonio Rocha. Na hipótese de que estes se decidam por promover o PMDB, terão que entrar em acordo com DEM e PSDB. Se mantiverem a atual convivência com o PT será em troca de maiores e mais importantes
concessões, inclusive a indicação do candidato.
Alguns levantam a possibilidade de que, numa opção de Rocha contrária a Maria, Ruy e Maurício Correa poderiam se manter fieis a esta. Eis um caso de divergência entre compromissos pessoais e fidelidade partidária. Uma incógnita. Quem desejar saber a resposta terá que pagar o preço.
Os demais partidos da atual aliança com o PT constituem frágil malha que se esgarçará ao menor esforço. Aqui não há a menor coesão. Os interesses partidários e pessoais prevalecerão. Ainda mais porque há fortes ressentimentos por alegada falta de apoio financeiro do PT aos estes aliados das últimas eleições.
As escaramuças apenas começam e não se pode especular em ralação aos possíveis candidatos. O PT anseia com o desespero de uma dispnéia pelo ar que Antonio Rocha lhe possa dar. Lira Maia julga acertadamente que sozinho não irá a lugar nenhum e joga seu peso político no apoio a
Rocha.
O certo é que Antonio Rocha sabe que este é o seu momento. Os riscos são grandes, as recompensas maiores. A decisão que tomar o levará a um promissor futuro político ou à estagnação no estágio atual. Cabe a ele acertar seus interesses com os de Jader e alçar seu próprio vôo.
A palavra final, no entanto, será nossa. Nós, eleitores, decidiremos.
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