terça-feira, 18 de agosto de 2009

Lúcio Flávio PInto: SBPC quase centenária

Até a última reunião anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, realizada no mês passado em Manaus, era consenso entre os historiadores do ensino superior brasileiro que a Universidade do Rio de Janeiro, criada em 1920, foi a primeira do país. Por um motivo: foi a primeira a ter existência continuada. As três que a antecederam, entre 1909 e 1912, duraram apenas uma década, desapareceram e só foram reativadas muitos anos depois. A primeira delas, a de Manaus, que era municipal, deixou de funcionar em 1920, exatamente quando foi fundada a universidade fluminense. Só foi reativada em 1962, cinco anos depois da criação da Universidade Federal do Pará, que surgiu em 1957.
Pelo critério mais rigoroso, as uni versidades passageiras não podem ser consideradas como as mais antigas, por não terem sobrevivido à iniciativa de sua implantação. Só poderiam ser consideradas as que foram classificadas como "sucedidas", que permaneceram, se estabilizaram e tiveram história contínua. É a maneira metodologicamente correta de prevenir uma disputa por precedência sem critério seguro de aferição. Por isso, as três universidades de curta duração anteriores à do Rio de Janeiro (Manaus, São Paulo e Paraná) não são reconhecidas pelos historiadores do ensino superior brasileiro como as primeiras.
Para abrilhantar ainda mais a 61ª reunião anual da SBPC, o que estava estabelecido foi revisto e uma nova tradição foi fundada. Assim, de súbito, a Ufam se tornou centenária, embora, a rigor, não tenha mais do que 59 anos de vida efetiva. Coisas do Brasil de Lula.

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