quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Pesquisadores alertam para elevação da temperatura em Santarém


Miguel Oliveira
Repórter


Quem pensa que a temperatura cálida agora em setembro está perto do fim pode ir se preparando para tomar muito líquido, usar ambiente refrigerado ou procurar se refrescar nos rios e igarapés da região. Segundo os pesquisadores do curso de pós-graduação em recursos naturais da Amazônia, da UFPA, e do projeto LBA( Experimento de Larga Escala da Biosfera), a sensação térmica a que os habitantes da zona urbana de Santarém estão submetidos nesta época do ano continuará desconfortável até outubro.
A preocupação dos pesquisadores é tanta que o professor Antônio Lola(foto à esquerda), do Instituto de Geociência da UFPa e pesquisador do LBA, está acompanhando o monitoramento da temperatura, umidade e velocidade dos ventos em seis estações instaladas na zona urbana de Santarém. Os primeiros resultados da situação de conforto térmico dos santarenos serão conhecidos esta semana.
Segundo o físico Rodrigo da Silva(foto à direita), coordenador do Projeto LBA, ainda é cedo para se afirmar que a elevação da temperatura, a ausência de chuvas e a ocorrência de ventos fortes na região Oeste do Pará estejam ligados diretamente à nova fronteira agrícola que está se expandido na região. "Para se dizer que o aumento da temperatura é causado pelas queimadas e desmatamentos, precisamos pesquisar o ciclo de pelo menos 30 anos", afirma o pesquisador. Rodrigo, no entanto, diz que é preciso desmistificar a tese que a Amazônia é o pulmão do mundo. "Nossas pesquisam atestam que Amazônia é uma grande fábrica de fazer chuva. As cidades é que são ilhas de calor", explica o físico. Isso não isenta os agricultores e pecuaristas da região, os que mais desmatam as florestas, de provocarem a alteração no nosso ecossistema.
Segundo Rodrigo, a onda de calor está sendo causada pela ação do El Niño, que encontra na região oeste condições termodinâmicas ideais provocadas por causa da abertura de áreas de pastagens e de plantio. Por causa disso, podem ocorrer vendavais e tornados, como o registrado no ano passado, na região do Mapiri. "Estamos sob influência de uma zona de convergência intertropical", explica o pesquisador.

Velocidade do vento

Segundo dados do Infraero, este ano a velocidade do vento ainda não superou a do ano passado. Em 7 de setembro de 2008 os aparelhos instalados no aeroporto Wilson Fonseca registraram ventos de até 70 km/hora. Este ano, no dia 22 de setembro, a maior velocidade do mês chegou a marca de 41 km/hora.

Pontos de medição

Os pesquisadores da UFPA e LBA instalaram seis unidades de monitoramento de umidade, temperatura e velocidade do vento em seis localizações da cidade: Santarenzinho, Santíssimo, Centro, Bosque da Cidade, Nova República e campus II da UFRA.
Na quina-feira, as 16 horas, a estação instalada na UFRA, em área bosqueada e próxima ao rio, registrava uma temperatura de 34 graus centígrados. No ano passado em outubro a temperatura chegou a 38 graus.

Ação do homem

Segundo o professor Lola, que realiza pesquisas de conforto térmico em Santarém, Manaus, Macapá e Belém, a temperatura de Santarém está acima dos índices médios registrados em cidades amazônicas, cujos índices variam entre 34 e 35 graus centígrados. "O que ocorre em Santarém é que a cidade está dentro de um bolsão térmico", explica Lola.
Para o pesquisador, a cidade cresceu muito, há pouca arborização, as superfícies que refletem calor, como ruas asfaltadas e calçadas de cimento, acabam por provocar a elevação da temperatura. "Essa ação humana precisa de controle, a cidade precisa ser mais arborizada", recomenda Lola.
Ele lamenta que os estudos de clima no município sofram por conta da falta de uma estação meteorológica. "Aqui em Santarém só temos as medições do aeroporto, mas os dados podem não refletir o conjunto da cidade porque a coleta é feita em área afastada e próxima ao rio Tapajós", reclama o pesquisador.

Um comentário:

Diego disse...

Soluções,
Bem, como mudar a natureza tá difícil, vamos pensar em meios de adaptação.

1º Aumentar o horário do intervalo de trabalho para 4 horas, assim poderemos aproveitar melhor a sesta após o almoço iniciando meio dia até as 16 Horas, (sendo que este horário ainda está muito quente com o novo fuso do Lula).

2º Tralhar a noite e dormir durante o dia (esta alternativa é mais radical).

Como autônomo, faço isto a bastante tempo.

Na Espanha e na Guiana Francesa isto também é realidade.