terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Naufrágio: Respeito à ética e à dor de familiares não permitem divulgação de fotos de mortos

O Blog do Estado dispõe, desde o meio-dia, de fotos dos corpos de pessoas mortas no naufrágio do barco Almirante Barroso.

Mas não vai publicá-las em respeito à dor das famílias.

A exploração de fato macabro não encontra guarida neste espaço, aliás, assunto comentado pelo jornalista Lúcio Flávio Pinto, ao se referir à exposição de cadávares pelos jornais de Belém.

O Blog do Estado procurou cobrir esse trágico acidente com responsabilidade, revelando com exclusividade detalhes que acabaram sendo copiados por outros sites e emissoras de televisão de Santarém.

A equipe do Blog do Estado sabe de seu compromisso com a boa informação, mesmo em momentos críticos, como no caso desse naufrágio, mas jamais usará de baixarias para conquistar audiência, tais como exibição de cadáveres e mulheres em trajes sumários.

2 comentários:

Ronilma Santos disse...

Miguel, você está de parabéns por isso, essa é uma atitude que deve ser adotada por todos os jornalistas.
(Espero sinceramente que amanhã os corpos não estejam expostos como forma de atrair audiência), é preciso respeitar as familias que tiveram parentes mortos nesse naufrágio.
Chega de fazer sensacionalismo com situações delicadas como essa.

Anônimo disse...

Sr Editor
(*) Antenor Pereira Giovannini

A MORTE POR GANÂNCIA
Quem é de fora, realmente estranha ao observar junto a orla da cidade aquele sem número de barcos ancorados a espera de cargas e passageiros. É o nosso ponto de ônibus para diversos destinos que margeiam nossos rios.
Como um exército de formigas lá vão eles chegando.
Os passageiros com suas malas, seus pertences, suas esperanças, seus ânseios, seus problemas, suas saudades.
Por outro lado outro exército de homens fortes e suados carregando nos ombros mercadorias para diversos destinos.
Todos são alojados.
Uns mais , outros menos apertados.

Chama atenção as centenas de redes esticadas ao longo dos barcos onde a grande maioria dos passageiros irá se acomodar até seu destino final.
Ao cair da tarde, lá vão eles já cheios de saudades mas ansiosos pela chegada no destino.
Mas, muitos deles no "olhômetro" dão a certeza e a sensação que estão acima do limite permitido. São muitas pessoas aglomeradas num dos pisos dos barcos.
Mesmo assim ele segue viagem.
Suas luzes desaparecem no horizonte pela imensidão do rio.
O aceno de muitos, o choro e o abraço de despedida ficam na beira na espera de ver o barco sumir nesse infinito.

No destino, o oposto. Mãos e olhos atentos no aguardo de entes queridos que muitas vezes fazem anos de distância e de saudades. A espera é agoniante, mas vale o sacrificio.
Os carregadores ajeitam seus carrinhos a espera da encomenda prometida.
Os ambulantes ajeitam suas guloseimas a espera da clientela que irá em breve desembarcar. É a féria do dia .
O tempo passa. As horas avnçam e o barco não chega.
A espera se transforma em sofrimento. A angustia se torna alflitiva.
Informações desencontradas. Pode ser que o barco quebrou.

Alguém chega com a noticia que ninguém quer ouvir e acreditar.
O barco virou. O barco afundou. O barco bateu e afundou. A tragédia aconteceu.
O chôro compulsivo pedindo a Deus pelo salvamento e pelo resgate.
Quem pôde se salvar, salvou. Quem pôde ser resgatado, o foi. Quem não conseguiu, é o fim.
Muitas vezes à espera de anos ao invés de chegar correndo, saltitando, sorrindo ao seu encontro para abraçá-lo, beijá-lo, dizer que lhe ama, que estava com saudades,
se tranforma apenas um corpo coberto por um lençol e a espera da identificação.
A irresponsabilidade de um, de dois, de alguns simplesmente destroem a vida de muitos por um punhado de dinheiro a mais.

O que era um sonho se transforma apenas num retrato na sala da casa e uma dor eterna e profunda no meio do coração que rasga a alma numa súplica de saudades.

O rio irá continuar seu destino, ora aguas mansas, ora revoltas, os homens da mesma forma irão continuar gananciosos a explorar suas travessias, conscientes que nada irá lhes afetar, nada irá lhes acontecer, porque quem morreu não foram eles, quem deioxu de viver não foram eles e nem seus parentes, o que importa na próxima viagem é faturar mais que a viagem anterior.

Trin-Trin próxima parada Santarém ...


(*) Aposentado e morador em Santarém.