domingo, 9 de maio de 2010

As várias facetas da maternidade

Luana Leão
Repórter


“Sou mãe de filha adotiva e me irrito quando dizem que ela não é minha filha verdadeira”. A frase é de Brennda Machado, mãe de Giovanna, de 5 anos.

Costumeiramente, no Dia das Mães, a imagem da mãe é associada àquela que deu a luz, à que é mãe, biologicamente falando. Porém, em todo o mundo existem os “pais de criação”. Pessoas que por algum motivo cuidam do filho não-biológico como se o fosse, trazendo para si a mesma responsabilidade de quem gerou uma criança.

Brennda, por exemplo, não esteve todos esses cinco anos ao lado da filha. Não a viu nascer, muito menos deu o primeiro banho, mas vive a mesma rotina de uma mãe e se sente como tal. Para ela, a adoção é uma experiência surpreendente, que necessita de um aperfeiçoamento contínuo em todas suas etapas. “De uma forma verdadeira e natural, Giovanna conhece toda a história de sua vida, pois a verdade deve prevalecer. Todos os dias tenho que conquistar cada centímetro de seu território, algumas vezes com carinho, outras com severidade” revela.

Algumas etapas da maternidade são inalcançáveis quando não se é a mãe biológica, como amamentar e em alguns casos, doar sangue. Brennda afirma que há quem pense que, criar um filho gerado por outra pessoa é complicado, quando se trata da construção da personalidade e do caráter da criança, pois se deduz que estes são herdados dos pais. Mas para ela, mudar isso é apenas uma questão de tempo e dedicação. “É claro que vemos orgulho nos pais biológicos que também desempenharam a paternidade. Seus filhos têm seus traços, seus trejeitos, suas heranças biológicas.

Mas quem não conhece mães biológicas que não adotaram seus filhos e hoje os arrasta pela vida como fardos ou simplesmente os largam por aí?”. Para Brennda, a recompensa é vista todos os dias, quando vê Giovanna, uma criança que foi desamparada pela mãe biológica, sorrindo e fazendo planos para seu futuro. “Futuro que está sendo construído com minha ajuda, ajuda da minha família e seu esforço pessoal”.

Seu Adamor Carvalho vive uma situação diferente. Aos 63 anos teve que se tornar pai novamente, pois sua filha engravidou de Gabriel, decidiu não cuidar da criança e viajou sem data para voltar. Ele e sua esposa tiveram que mudar toda a rotina para criar o menino. “Fui obrigado a pegar a criança, mas não me arrependo. Já o tenho como meu filho”, confessa. Se antes a rotina dele se adequava aos compromissos de um pai, hoje, Seu Adamor vive uma nova condição: a de pai e mãe, pois sua esposa faleceu há uma semana. “Antes eu ainda podia fazer algumas atividades e deixar o Gabriel com minha mulher, hoje levo ele para onde eu vou. É complicado, mas eu não vejo problema, me sinto feliz em cuidar dele”, declara.

Mãe verdadeira é aquela que, mesmo adotiva, mesmo sendo avô, tio, pai, produz condições para que a criança se torne uma pessoa digna de um convívio social sadio. É aquela, ou em alguns casos, aquele, que desempenha funções capazes de oferecer a continuação do ventre, ou seja, calor e proteção, função de mãe; apresentação suave para viver no mundo, função de pai. O laço de amor que une pais e filhos, biológicos ou não, é construído no dia-a-dia.


Um comentário:

MARCIO VASCONCELOS disse...

Parabens a todas as maes adotivas, se existe um medidor de amor, as maes adotivas estao nas alturas, pois, o nobre ato de adoÇao, É tarefa para poucos. E acho uma imbecilidade preconceituosa quem discrimina filhos adotivos