sexta-feira, 18 de junho de 2010

Greves na rede pública quebram ritmo de aprendizagem

Aritana Aguiar
Free lancer


Com as constantes greves nas escolas públicas estaduais, ocorre a evasão dos alunos, principalmente daqueles que estão no 3º ano do ensino médio. Para não correrem risco de se prejudicarem no vestibular, muitos pais preferem transferir os filhos para colégios particulares, mas o problema é que nem todos têm recursos financeiros para isso. Mas os problemas não param por aí. Alunos de outras séries ficam desestimulados com as paralisações e os professores têm que repassar o conteúdo já ministrado.

A reação dos alunos é certa: muitos demoram a retornar às escolas e perdem a revisão do conteúdo. Na escola Belo de Carvalho, o retorno no primeiro dia de aula, não foi muito positivo. Turmas de 25 alunos só compareceram oito e outra somente cinco alunos. A diretora da 5ª URE (Unidade Regional de Educação), Graça Pedroso, afirma que os alunos não irão se prejudicar no conteúdo devido à greve deste ano. "Foi realizado um acordo com as escolas, que haveria paralisação somente quando completa-se o primeiro bimestre, para não quebrar o conteúdo, por isso nesta segunda (07) começou o segundo bimestre", declarou.

Em Santarém as escolas ficaram 14 dias de greve, o ano letivo de 2010, que iria se estender até 15 de fevereiro de 2011 irá terminar somente no final do mês, para não haver atraso de conteúdo. Segundo Graça Pedroso, a evasão dos alunos após a greve está em um índice de 5%. "Depois de uma semana eles voltam às aulas, mas o maior problema é o turno da noite. Com base nos dois últimos anos percebemos o grande número de evasão, a greve possui maior influência. Mas, percebemos que a partir do segundo semestre muitos param devido conseguirem empregos, ou transferir-se para outra cidade, e esse problema ocorre em todas as escolas", declarou.

A pedagoga do colégio Barão do Tapajós, Ilza Nogueira, afirma que os alunos do turno diurno só voltam por completo após uma semana do fim da greve, mas a demora no retorno dos alunos às salas de aula é maior no horário da noite. Um dos maiores problemas é a evasão dos alunos de 3º ano. Segundo Graça Pedroso, muitos pais pedem transferência para que os filhos não fiquem prejudicados devido o vestibular. "Estamos confirmando a informação de que, quase todas as escolas particulares receberam alunos do 3º ano do setor público, iremos fazer um levantamento para termos certeza do total", afirmou. E completa: como às aulas de 2011 começarão tarde, os alunos que estão em 2010 no segundo ano do ensino médio, poderão se atrasar no vestibular 2012, pois fica desfocado do calendário das instituições.

No colégio Álvaro Adolfo da Silveira ocorreram transferências de vários alunos do 3º ano do ensino médio. "Não temos levantamento de dados referente aos outros anos, esse ano saíram vários alunos. Em comparação com outras greves alguns alunos que pediram transferência chegam a voltar, mas é difícil", afirmou o vice-diretor do Álvaro Adolfo, Jorge Costa. E reforça que os alunos do horário diurno não demoram muito para comparecer, mas a noite os que faltam acabam não retornando.

Mesmo estendendo o período de aulas, alguns alunos reclamam que é preciso ser feita revisão dos assuntos, principalmente português e matemática, consideradas de maior peso. "Português e matemática são disciplinas que sentimos muitas dificuldades depois da greve. Como paramos na metade do assunto não conseguimos lembrar quase nada. Portanto é preciso fazer uma revisão", reclama a estudante da 2º Ano, Luanna Carolinne,17.

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