quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Moradores de rua e os riscos que correm durante a noite

Aritana Aguiar
Free lancer

Em Santarém é visível encontrar vários moradores de rua. Alguns pedem ajuda, enquanto outros catam lata ou trabalham de carregador quando conseguem.

O Ipea(Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), divulgou um estudo sobre pobreza e miséria. O Pará terá que reduzir seu índice em 3,1% até 2016. Já que no estado isso caiu de forma lenta nos últimos 13 anos. Em 1995 a pobreza absoluta era de 56,4% em 2008 o nível estava em 44,9%. Se a meta for atingida o Estado terá uma taxa de pobreza de 21,1% até 2016. Os dados revelados pelo Ipea mostra que a batalha contra a desigualdade econômica e social precisa ser enfrentada não apenas com vontade e coragem política, mas principalmente com planejamento.

A reportagem procurou alguns moradores de rua de Santarém para uma conversa, vários se recusaram, mas tiveram aqueles que não se importaram. É o caso de Rodrigo Gabriel Laurindo, 29, natural de Poços de Caldas Minas Gerais, e os santarenos, Aziel Monteiro,55 e Raimundo Pereira,59.

Raimundo Pereira, conta que há 20 anos vive nas ruas de Santarém. Já foi casado duas vezes. Desses dois relacionamentos teve três filhos e apenas um deles mantém contato com o pai. O restante Raimundo não sabe o paradeiro. "Meu filho às vezes me procura, mas não me dá alguma ajuda, ele vem saber como estou afinal ele também tem uma vida difícil", relatou.

Não querendo falar muito de seu passado antes de viver nas ruas, Raimundo afirma que sua ex-esposa não é a culpada por ele está nessa situação. "Eu estava muito desacreditado da vida, sem emprego, sai de casa e fui para as ruas", relembra.

Ao contrário de Raimundo. Rodrigo Gabriel sentiu-se a vontade e afirmou que para ele contar sua vida seria um desabafo. "Estou vivendo nas ruas há seis meses, perdi quase tudo em minha vida, menos a esperança", desabafou. Quando adolescente vivendo em Minas Gerais, Rodrigo levou uma facada do pai. "Ele trazia os problemas de casa para o trabalho, e descontava em toda a família", relembra. Como ele estava há um ano no exército recebeu dispensa pelo incidente já que não poderiam mantê-lo com uma lesão.

Aziel, que agora se encontra magro e desfigurado, afirma que nunca se casou, teve cinco filhos. Segundo ele três moram em Belém, uma no Ceara e outro em Itaituba. "Não faço idéia onde todos estão exatamente os meus filhos, o que está morando em Itaituba, o vi pela última vez na década em 1980", afirmou.

Rodrigo começou a trabalhar no Mercadão 2000, alugou uma casa, estava até bem, então foi assaltado sendo levados todos os documentos, exceto o registro de nascimento. "Quando quiseram assinar minha carteira, perdi o emprego, pois não tinha os documentos e não consegui tirar outros. Fiquei desempregado e o que ganhava, não pagava o aluguel da casa", afirmou. Foi então que passou a viver nas ruas.

Às vezes, Raimundo não tem o que comer. Devido à idade ele afirma que não consegue carregar acima de 40 kg, por isso sente dificuldades. A aparência desfigurada e magra não nega a necessidade que passa.

Rodrigo sente o medo em morar nas ruas. "Fico apavorado, não é fácil, sempre estou acompanhado, não é bom dormir sozinho em um local e nem passar muito tempo no mesmo", afirmou. No momento o dinheiro que ele consegue é como carregador. Assim como Aziel, gosta de beber cachaça quando não tem nenhum compromisso de trabalho.

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