quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Lula, o bom ditador - A controvérsia unilateral

O artigo de Lúci Flávio Pinto, 'Lula, o bom ditador", publicado aqui no Blog do Estado, provocou as mais controversas reações, mas nenhum ao ponto a que chegou Itajaí Albuquerque.

Por se tratar de uma análise unilateral feita por Itajaí a partir de um pequeno trecho do artigo de Lúcio Flávio Pinto, publicado originalmente no Jornal Pessoal, e sua recusa em publicar a resposta do autor do texto, o Blog do Estado se vê na obrigação de publicar os dois lados dessa polêmcia para que, você leitor, tire suas próprias conclusões.

Escreveu Lúcio Flávio Pinto:

Um amigo me surpreendeu ao enviar, hoje, um comentário de Itajaí Albuquerque a partir de trecho da minha matéria de capa sobre o Lula na última edição do Jornal Pessoal (uma nova deverá estar nas bancas amanhã). Peço a quem receber esta mensagem que a leia com atenção e, querendo, a comente e difunda. Acredito que ajudará a pensar sobre o grave momento que o país atravessa neste período eleitoral.

Escreveu Itajaí Albuquerque no Blog Flanar:

Em comentário à postagem As Fúrias Tropicais, pediram-me opinião sobre o seguinte texto: Lula é aquilo que, abusando do jargão, se passou a chamar de “força da natureza”. É uma esplêndida culminação de instintos vitais. Mas sem a menor condição de autoconhecimento, de reflexão e de análise. Sua maior malignidade está em se infiltrar sem ser percebido. E, mesmo sendo impossível, passar a ser aceito como normal.
Eu não sei exatamente a procedência do texto, mas qualquer que seja a origem dele é de pouca importância para responder o que me foi solicitado. De cara observamos que o parágrafo apresentado exemplifica um viés ideológico do autor (a), ao apresentar uma visão estereotipada do presidente Lula. Chamam a atenção os elementos textuais que tem correspondência com às idéias dos higienistas raciais que contaminaram vergonhosamente a ciência desde os meados século XIX e levaram aos desvios éticos da eugenia no século XX. Os termos "força da natureza" e "culminação de instintos vitais", "malignidade", "infiltrar", "normal" remetem com força à linguagem própria dessas disciplinas que deram sustentáculo ao nacional-socialismo alemão e seus conhecidos crimes contra a Humanidade.
Para clarificar melhor o conteúdo narrativo do texto, cito Roso e colaboradores*, que descrevem de forma aguda a fisiologia do estereótipo: estereotipar faz parte da manutenção da ordem social e simbólica, estabelecendo uma fronteira entre o “normal” e o “desviante”, o “normal” e o “patológico”, o “aceitável” e o “inaceitável”, o que “pertence” e o que “não pertence”, o “nós” e o “eles”. Estereotipar reduz, essencializa, naturaliza e conserta as ‘diferenças’, excluindo ou expelindo tudo aquilo que não se enquadra, tudo aquilo que é diferente.
Podemos contextualizar os elementos dessa explicação no exemplo a seguir, extraído de "Minha Luta" (Mein Kampf), opera omnia de Adolf Hitler: As qualidades intelectuais do judeu formaram-se no decorrer de milênios, Ele passa hoje por "inteligente" e o foi sempre até um certo ponto. Somente, sua compreensão não é o produto de evolução própria, mas de pura imitação.
Minha opinião, portanto, quanto ao parágrafo que me foi solicitado comentar, é a constatação do quanto a paixão política pode levar as pessoas ao exercício das mais baixas inspirações ideológicas.

*Cultura e Ideologia: A Mídia Revelando Estereótipos Raciais de Gênero.

Postado por Itajaí de Albuquerque
Lamentável. Fica mantida a análise publicada

Anônimo das 23:50, publicaremos sua postagem quando ela trouxer elementos que justifiquem sua afirmação.

Anônimo disse..

Tenho 61 anos, 45 de jornalismo, e nunca jamais, para citar o Lula, alguém me havia feito acusação tão grave quanto fez o Itajaí nessas poucas linhas, a partir de um mínimo trecho de um artigo bem maior, concatenado entre vários parágrafos em defesa de uma tese. Por ele, deixei escapar meus instintos mais satânicos: nazismo enrustido, higienismo, preconceito et caterva. Tudo isso por fanatismo anti-Lula, a quem eu imaginava ter analisado com todo empenho da minha inteligência. Deixo ao distinto público, se é que me conhece de fato, fazer seu juízo a respeito da acusação (acusação, não: sentença inquisitorial). Sobre o Itajaí, eu já fiz o meu. Seu texto dogmático diz tudo, para mim, sobre sua seriedade intelectual e condição humana. Um abraço, Lúcio Flávio Pinto

Itajaí de Albuquerque
disse...

De minha parte, e acredito que acompanhado por segmento dos teus leitores, aguardamos um texto que supere esse que infelizmente tu escreveste, sei lá porque sem a seriedade intelectual que evitasse a dura análise que fiz.

Escreveu Lúcio Flávio Pinto:

Logo em seguida mandei novo comentário (segue abaixo), que até agora não foi aceito no blog. Nem minha cobrança de publicação foi respondida. Pelo que decidi tornar pública a controvérsia, para que mais pessoas possam se manifestar.

Tenho 61 anos, 45 de jornalismo, e nunca jamais, para citar o Lula, alguém me havia feito acusação tão grave quanto fez o Itajaí nessas poucas linhas, a partir de um mínimo trecho de um artigo bem maior, concatenado entre vários parágrafos em defesa de uma tese. Por ele, deixei escapar meus instintos mais satânicos: nazismo enrustido, higienismo, preconceito et caterva. Tudo isso por fanatismo anti-Lula, a quem eu imaginava ter analisado com todo empenho da minha inteligência. Deixo ao distinto público, se é que me conhece de fato, fazer seu juízo a respeito da acusação (acusação, não: sentença inquisitorial). Sobre o Itajaí, eu já fiz o meu. Seu texto dogmático diz tudo, para mim, sobre sua seriedade intelectual e condição humana. Um abraço, Lúcio Flávio Pinto
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Nota do editor: LFP avisa que o comentário já foi postado. Menos mal.
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Atualização às 16h34:
O gentleman Francisco Rocha Junior, um dos titulares do Blog Flanar, faz os seguintes esclarecimentos:

"Caro Miguel,

Cumpre-me esclarecer que o comentário do Lúcio demorou a ser publicado por um motivo muito simples: temos uma regra interna, no Flanar, de que somente o "dono" do post modere seus comentários. Como todos temos outras ocupações, às vezes a moderação dos comentários fica um pouco lenta. Foi só este o motivo na demora.
Peço-lhe, portanto, que se possível publique este esclarecimento com o mesmo destaque dado à crítica na não liberação do comentário.
Abraço cordial.
Francisco Rocha Junior "

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Lúcio Flávio Pinto volta a escrever sobre a polêmica:

Só uma dúvida final e derradeira, Itajaí: leste o texto completo? Infelizmente, não sou leviano o bastante para, tendo escrito o que escrevi, substituí-lo por outro artigo, só porque consideras que meu texto não tem a seriedade que exiges para me poupar da tua dura análise (profeta do dura lex, sed lex). O que eu repeti do Lula no último JP não é novidade. Já escrevi isso várias vezes, sem merecer tão duras - e, a meu ver, inconsistentes e absurdas - acusações. O que mudou é a campanha eleitoral. Estás nela. Eu. não. Continuo fiel ao jornalismo que sempre fiz. Não o pratico para agradar a "a" ou "b", seja quem for, dono do poder ou seu áulico, intelectual ou operário. O que tento é me aproximar da verdade, expondo meus argumentos e os fatos em que se baseiam. A tua é outra. Podes ficar com ela que eu fico com a minha. E os leitores, que se manifestem, conforme suas próprias visões. Não sei se eles te deram procuração para falares por eles. Abraço a todos. Lúcio Flávio Pinto

2 comentários:

Francisco Rocha Junior disse...

Caro Miguel,

Cumpre-me esclarecer que o comentário do Lúcio demorou a ser publicado por um motivo muito simples: temos uma regra interna, no Flanar, de que somente o "dono" do post modere seus comentários. Como todos temos outras ocupações, às vezes a moderação dos comentários fica um pouco lenta. Foi só este o motivo na demora.
Peço-lhe, portanto, que se possível publique este esclarecimento com o mesmo destaque dado à crítica na não liberação do comentário.
Abraço cordial.

Anônimo disse...

Como eu recebi uma resposta imediata do Itajaí ao primeiro comentário, a demora na resposta ao segundo e à cobrança que em seguida lhe fiz me levou a remeter cópia do comentário ao Francisco Rocha Júnior, para manter o ritmo do diálogo. Só então houve a postagem. Como já havia repassado o segundo comentário, tratei de avisar os destinatários que a postagem ocorrera. Não pude impedir que os mais rápidos abrigassem minha mensagem. Talvez poorque, desta vez, o Itajaí passou mais tempo analisando minha resposta. Outro abraço. Lúcio Flávio Pinto