quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Zé Dirceu, o comandante em chefe, o capitão do mato

Do Espaço Aberto:

Zé Dirceu é mesmo uma parada.
Gostemos ou não de Dirceu, convém respeitarmos o Zé: quando ele fala, não costuma fazê-lo por meias palavras.
Todo mundo entende logo.
Pois quando fala, claramente e sem rodeios, convém que lhe respondam da mesma forma, claramente e sem rodeios.
Dirceu foi a Salvador e, ontem à noite, mandou ver.
“O problema do Brasil é o monopólio das grandes mídias, o excesso de liberdade e do direito de expressão e da Imprensa", disse ele.
Viram?
Foi o que disse.
Claramente e sem rodeios.
Grande Zé!
Grande Dirceu!
Zé Dirceu tem razões, claro, de achar que “o excesso de liberdade e do direito de expressão e da Imprensa” é um problema.
Dirceu é ex-ministro.
Está sendo processado no Supremo como o condestável do Mensalão.
No esquema do Mensalão, ele despontou como o comandante em chefe (agora sem hífen, vocês sabem).
Como mensaleiro, notabilizou-se como o capitão do mato.
Se não fosse a liberdade de Imprensa, Zé Dirceu seria a Dilma hoje.
Provavelmente, seria o candidato de Lula a presidente da República.
Se não fosse a Imprensa que o denunciou, talvez Dirceu mantivesse o esquema pelo qual foi denunciado pelo Ministério Público e está sendo processado.
Se não fosse a Imprensa e suas liberdade, Zé Dirceu precisaria de mais um Brasil e umas quatro ou cinco Cubas para abrigar as extensões de sua arrogância e do seu quilométrico desprezo a um dos valores maiores de qualquer democracia: a liberdade de Imprensa.
Se não fosse a liberdade de Imprensa, Dirceu não teria um blog, onde diz o que quer, quando quer e como quer.
Se não fosse a liberdade de Imprensa, Dirceu não abrigaria em seu blog colabores e autores de convicções que não comungam, como ele, do “monopólio das grandes mídias”.
Se não fosse a liberdade de Imprensa que existe no Brasil, Dirceu não teria como contrapô-la ao ferrolho verbal, aos freios de expressão, ao monopólio oficial, ao monopólio governamental da informação que existe em Cuba, para onde o Zé viaja para espairecer sob o tacão de uma ditadura assassina, todas as vezes em que o excesso de liberdade o exaspera.
Se não fosse a liberdade de Imprensa, não teríamos como mandar Dirceu pra Pasárgada.
Lá, como amigo do rei, ele poderia ser tudo.
Até ser Zé Dirceu.
O ex-ministro.
O líder do PT.
O factótum do governo Lula.
O comandante em chefe do Mensalão.
O capitão do mato dos mensaleiros processados no Supremo.
O cara que só não é a Dilma de hoje porque a liberdade de Imprensa lhe conteve os passos e as pretensões.
Claramente é isso.
Sem rodeios, é assim.

Um comentário:

Cartas de Brasília disse...

Achei muito interessante essa forma de comentar o fato. Meio crônica e sem agredir o Zé e tbém sem o frenesi dado pela grande mídia (SP e RJ) ao assunto. Sútil e eficiente.