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O escândalo do mensalão, desbaratado em 2005 pela CPMI dos Correios,
será levado a plenário pelos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF)
nesta quinta-feira. Após sete anos de investigação, finalmente o
julgamento da maior quadrilha montada no coração do Palácio do Planalto
será iniciado.
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Em memorial enviado recentemente aos ministros do STF, o
procurador-geral da República, Roberto Gurgel, nomeia o mensalão como “o
mais atrevido” e escandaloso esquema de corrupção flagrado no Brasil.
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Nas palavras de Gurgel, “sob o firme comando de José Dirceu”, a
quadrilha se especializou em desviar dinheiro público e comprar apoio
político, com o objetivo claro de unir forças para garantir a
perpetuação do projeto de poder do PT.
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Nunca o Supremo se debruçou com um processo tão grande e ardiloso. A
ação tem 50 mil páginas, 38 réus e 600 testemunhas. Ao todo, estima-se
que o julgamento consumirá aproximadamente 90 horas em mais de 15
sessões do plenário.
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Os 38 réus, entre eles José Dirceu, José Genuíno e Delúbio Soares,
respondem por crimes como lavagem de dinheiro, formação de quadrilha,
corrupção ativa e passiva.
- Conheça as acusações contra cada um dos réus: http://migre.me/a7mtP
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As provas de que o mensalão existiu são contundentes. Através de um
substancioso e detalhado conjunto de dados, compilados por peritos
oficiais e investigadores da Polícia Federal e do Tribunal de Contas da
União, foi constatado que o esquema do valerioduto irrigou os cofres do
PT e aliados com cerca de R$ 101,6 milhões.
- Confira o levantamento detalhado do Jornal O GLOBO: http://migre.me/a7wA3
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Mas esse montante de dinheiro desviado poderá ser bem maior. Somados os
empréstimos bancários e os valores que teriam sido surrupiados do setor
público, a Procuradoria-Geral da República calcula em R$ 141 milhões o
valor consumido pelo mensalão em cerca de dois anos.
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O PT e aliados tentam contornar o problema do caixa 2 com o argumento
torto de que esse modelo alternativo de financiamento é praxe no Brasil. Muitos
deputados pegos com a mão no valerioduto argumentam que o dinheiro
serviria somente para pagar dívidas de campanha, como se nada fosse
ilícito ou irregular.
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O desespero é tão grande que, nas últimas semanas, o ex-ministro José
Dirceu fez encontros com diversos “movimentos sociais”, como a CUT e a
UNE, para ativar um movimento de rua em defesa dos mensaleiros.
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Mas, afinal, se o mensalão não existiu, por que o então presidente
Lula, na época, foi à televisão e pediu, em rede nacional, desculpas
pela ação dos dirigentes partidários?
- Em agosto de 2005, Lula declarou aos brasileiros: “Quero
dizer a vocês, com toda a franqueza, eu me sinto traído. O PT tem que
pedir desculpas. O governo, onde errou, tem que pedir desculpas. Porque o
povo brasileiro [...] não pode, em momento algum, estar satisfeito com a
situação que o nosso país está vivendo”.
- Assista ao vídeo: http://migre.me/a7qtW
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A imagem do ex-presidente Lula certamente sairá chamuscada de todo o
processo. O advogado de defesa do ex-deputado Roberto Jefferson, Luiz
Barbosa, disse à imprensa que sustentará a tese de que Lula “ordenou” o
mensalão.
- Em entrevista ao O GLOBO, o ex-procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, diz que há fatos contundentes para punir os réus. “Diante
do período em que ofereci a denúncia, tinham provas contundentes lá.
Sobre muitas coisas, eram provas, não eram apenas indícios, que foram
corroboradas depois com laudos periciais”, disse.
- O julgamento do Mensalão, com certeza, irá moldar as instituições brasileiras. “No
pano de fundo do julgamento do mensalão estão a democracia e o respeito
à Constituição. E, por isso mesmo, a própria consolidação do papel
vital do Supremo na estabilização institucional do Brasil”, afirmou o editorial do jornal O GLOBO do último domingo.
- “É
um julgamento que pode marcar a história. Eu tenho muita confiança que o
Supremo (Tribunal Federal) mostrará que as instituições no Brasil valem”, disse em vídeo o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Assista: http://migre.me/a7w4R
Assista: http://migre.me/a7w4R
- Mas ainda tem uma pendência: será que o ministro Dias Toffoli vai se declarar impedido de participar do julgamento? Toffoli foi assessor jurídico do PT por bastante tempo, e sua atual companheira já advogou para dois réus.
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A leniência excessiva com que Lula tratou os mensaleiros, infelizmente,
impediu que os inúmeros escândalos de seu governo caminhassem pelo rito
natural, que vai da denúncia à apuração até desaguar nas eventuais
punições.
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Os milhões de brasileiros que pagam impostos esperam que o Supremo
adote uma posição firme e faça um julgamento rigoroso do mensalão, a fim
de que se estabeleça uma marca histórica contra a impunidade e a
corrupção que assola o Brasil.
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