sexta-feira, 10 de junho de 2011

Capa da edição impressa de 11 de junho de O Estado do Tapajós

O público dos jornais

Lúcio Flávio Pinto

O Amazônia foi criado para concorrer na faixa das classes C, D e E com o Diário do Pará, no momento em que o jornal dos Barbalhos avançava nesses segmentos da sociedade, que tiveram acesso ao consumo a partir do Plano Real e passaram a contar como compradores. Dez anos depois, o que o jornal mais novo da família Maiorana conseguiu de mais efetivo foi deslocar o antigo líder do mercado, O Liberal, para a terceira posição, algo impensável antes.

Foi um autêntico tiro no próprio pé, disparado por uma estratégia completamente equivocada. Quando o Amazônia começou a circular, o principal apelo para manter os que já liam jornais ou criar novos leitores era o preço. O diferencial em favor do Diário era custar 75% ou 50% a menos do que O Liberal, sem diferenças substanciais de conteúdo para as camadas tradicionais e com uma novidade para aqueles que se aproximavam pela primeira vez das bancas e dos jornaleiros: cadernos especializados em polícia e esporte, com linguagem popular e sensacionalista. Quem passou a comer frango, mesmo sem estar doente (quando pobre comia frango, antes do Real, um dos dois estava doente), passou a comprar um jornal que pesava pouco no bolso. Era o Diário.

No princípio, o Amazônia teve o mesmo preço do concorrente. Mas quem optara pelo jornal dos Barbalhos não viu motivo para se transferir para o caçula dos Maioranas. A tendência dominante foi a que uma análise mais atenta podia prever: muitos leitores preferiram trocar O Liberal pelo Amazônia, que saía muito mais barato e tinha o principal do irmão mais velho.

Resultado: os responsáveis pelo mais recente dos jornais diários de Belém não puderam comemorar sua façanha, no mês passado, que foi subir para o 2º lugar, abaixo do Diário. Só aos domingos a venda de O Liberal cresce o bastante para fazê-lo subir um posto. Mas até quando?

O jornal se restringe cada vez mais aos leitores das classes A, B e C, mas tendo que dividir esse mercado com o concorrente direto, o Diário do Pará, e o competidor involuntário, o Amazônia. Não só por não oferecer um diferencial de qualidade (exceto aos domingos para um tipo de público atraído por miçangas e paetês encartados em tablóides de variedades e futilidades), mas porque o mercado de impressos encolheu.
É fenômeno mundial, acentuado numa cidade de baixo poder aquisitivo, como Belém, o que explica os jornais dos Maioranas não terem mais nenhum auditor de verificação de vendagem, enquanto o único filiado ao IVC, o Diário do Pará, não divulga as suas sérias e caras estatísticas, preferindo recorrer ao índice de audiência do Ibope, que não mede vendagem efetiva.

Numa sociedade obrigada a circular pela imprensa em vôo cego, o nivelamento acaba sendo por baixo.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Edição de 04 de junho de O Estado do Tapajós em PDF

Prossegue licitação de concessão florestal das Glebas Mamuru-Arapiuns


A sessão pública para abertura de envelopes com as propostas das empresas interessadas em participar da concessão florestal nas glebas Mamuru-Arapiuns foi realizada na manhã desta quinta-feira, 9, na sede do Instituto de Desenvolvimento Florestal do Estado do Pará (Ideflor), em Belém. No total, estão sendo disponibilizados 150,9 mi hectares de área nas Glebas Mamuru-Arapiuns, no Baixo Amazonas, para a concessão florestal.

A sessão é uma das etapas contidas no edital de licitação que culminará com a assinatura dos primeiros contratos de concessão florestal. A Comissão Especial de Licitação vai analisar as propostas nos próximos dias e o resultado deve sair até a próxima semana. Em seguida, uma nova sessão será marcada para abertura dos envelopes com as propostas de preços de madeira em tora a serem pagas pelas empresas licitantes. O edital de licitação informou os preços mínimos para orientação das licitantes. Após todas essas etapas será divulgado o resultado final da licitação. A previsão é que os contratos sejam assinados até começo do segundo semestre deste ano.

Inscrição no Enem termina amanhã

Termina nesta sexta-feira (10) o prazo de inscrição para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Quem se inscrever amanhã poderá pagar a taxa de inscrição, de R$ 35, nas agências do Banco do Brasil.

Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), 4,6 milhões de estudantes haviam se inscrito no programa até ontem. Destes, 947.491 alunos da rede pública foram isentos de pagar a taxa automaticamente. Do total das inscrições, 434.345 manifestaram realizar o exame para obter o certificado do ensino médio.

Ao preencher o formulário da inscrição, 2.760.393 declararam que já concluíram o ensino médio, 1.197.371 disseram que irão concluir até o fim deste ano e outros 463.535 concluirão após 2011. Outro dado apontado pelo sistema do Inep é que 3.542.057 inscritos cursam ou cursaram o ensino regular, 389.395 os cursos de Educação de Jovens e Adultos (EJA) e 32.189, a Educação Especial. (Agência Estado)

Assembléia aprova emenda de Von que autoriza Iterpa a conceder terras até o limite máximo de 2500 hectares


A Assembleia Legislativa do Estado do Pará aprovou, na sessão ordinária desta terça-feira (08/06/2011), Emenda à Constituição do Estado do Pará, originalmente apresentada pelo deputado estadual Márcio Miranda (DEM-PA) e modificada pelo deputado estadual Alexandre Von (PSDB-PA), subscrita por 27 parlamentares de diferentes partidos com assento na ALEPA (PSDB, DEM, PMDB, PT, PR, PTB, PDT, PSB, PV, PPS, PMN, PP, PSC e PRB), que altera o artigo 241 da Constituição do Estado do Pará, para permitir que o Estado possa efetuar a concessão de suas terras, até o limite máximo de 2500 hectares, respeitadas as seguintes normas, além de outras previstas em lei:
I – área de até 1500 hectares, mediante aprovação do órgão fundiário competente;
II – área acima de 1500 hectares até o limite de 2500 hectares, além do disposto no inciso anterior, dependerá de prévia aprovação da Assembleia Legislativa.

A partir da redação originalmente proposta (PEC no 01/2009), de autoria do deputado estadual Márcio Miranda (DEM-PA), que previa a autorização ao ITERPA de concessão de áreas até o limite de 2500 hectares, não foi possível alcançar o entendimento em plenário. Por esse motivo, uma emenda modificativa proposta pelo deputado estadual Alexandre Von (PSDB-PA), subscrita pela ampla maioria dos membros do parlamento estadual, foi devidamente aprovada. Por ela, o ITERPA fica autorizado a aprovar concessões até o limite de 1500 hectares. Acima de 1500 hectares e até 2500 hectares, além da aprovação do órgão fundiário estadual, os processos de concessão de terras estaduais deverão ser previamente apreciados e aprovados pela Assembleia Legislativa do Estado do Pará.

A Proposta de Emenda Constitucional (PEC) aprovada vai permitir ao Instituto de Terras do Pará (ITERPA) agilizar os procedimentos legais e operacionais visando avançar na regularização fundiária nas terras de domínio do Estado, garantindo o acesso dos produtores rurais paraenses à terra, proporcionando segurança jurídica e favorecendo um processo de desenvolvimento fundiário, ambiental e sócio-econômico para o Estado do Pará.

Para o deputado Alexandre Von, propositor da Emenda Modificativa, “se o texto aprovado não é o ideal, seguramente é um avanço substancial na tentativa de desengessar o ITERPA e garantir a titulação de terras estaduais há muitos anos emperrada. Ganhará o Pará, que avançará na sua regularização fundiária, e, sobretudo, os produtores paraenses”.

A nova emenda à Constituição do Estado do Pará será promulgada pela Mesa Executiva da Assembleia Legislativa no prazo de cinco dias, publicada e anexada, com o respectivo número de ordem, ao texto da Constituição Estadual.(Fonte: Assessoria Parlamentar do deputado estadual Alexandre Von)

Homem morto em Eldorado do Carajás era fugitivo do Maranhão

Agência Pará:

O homem morto no dia 1º de junho, na estrada de acesso ao Assentamento Sapucaia, em Eldorado do Carajás, município do sudeste do Pará, usava nome falso e era foragido da Justiça do Maranhão. A informação foi confirmada nesta quarta-feira (8) depois da localização de familiares da vítima em Bom Jardim, localidade da zona rural maranhense. Identificado na ocasião como um lavrador de nome Marcos Gomes da Silva, na verdade ele se chamava João Vieira dos Santos, tinha 33 anos e nasceu no município de Zé Doca, no Maranhão. Ele respondia naquele Estado pelo assassinato de Francisco das Chagas de Albuquerque França, morto a pauladas em 2001.

Na época, João chegou a ser preso, mas fugiu da Delegacia de Zé Doca junto com outros dois presos, em 24 de outubro de 2003. No mês da fuga ele havia sido pronunciado pela Comarca Judiciária de Bom Jardim pela autoria do crime. Conforme as investigações, ele fugiu do Maranhão e seguiu para o Estado do Pará, onde passou a viver com nome falso e a morar em diversas cidades, como Goianésia do Pará, Tailândia e Marabá, até chegar a Eldorado do Carajás, há cerca de dois anos. Nesta cidade, ele passou a viver escondido no Assentamento Sapucaia.

A identificação do morto foi feita por fotos. O termo de reconhecimento foi assinado pelo irmão de João, que mora no Maranhão. Ouvida em depoimento, a companheira de João, Maria Francisca Silva César, disse na Delegacia de Eldorado do Carajás que ele não possuía documentos e apenas se identificava como Marcos.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Rema, rema, catraieiro de Alter do Chão


Catraieiro regressa com banhistas do que resta da praia do Amor, nesta época de enchente do rio Tapajós,  para a vila de Alter do Chão.
Foto: Miguel Oliveira

Erick Jennings deve ser nomeado para cargo na área de saúde


O médico neurologista Erick Jennings viajou hoje para Belém a convite da Secretaria de Estado de Saúde(SESPA).

Erick pode retornar nomeado para uma importante função na área médica estadual com abrangência na região do Baixo-Amazonas.

Trânsito louco


Projeções em cima da frota nacional de veículos apontam que, em seis anos, o número de motocicletas será maior do que a frota de veículos de uma maneira em geral.

O pior é que, em Santarém, o número de motos vai ultrapassar o de carros daqui a dois anos.

Belo Monte: Norte Energia tem falha grave de comunicação

André Borges
Valor Econômico

Entre as várias ações compensatórias exigidas para a liberação da hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu (PA), há uma de completa urgência que, até agora, nem o governo nem o Consórcio Norte Energia conseguiram entregar: a informação correta e objetiva à população local sobre como suas vidas e a região serão afetadas pela maior obra energética do país.
Durante uma semana, o Valor conversou com ribeirinhos, representantes indígenas, diretores de associações, donos de comércio e simples habitantes da região.  A reclamação de falta de clareza sobre a obra e seus impactos é unanimidade entre os habitantes das principais cidades que margeiam o Xingu.  Embora o governo e empresários insistam na tese de que Belo Monte é o projeto de hidrelétrica mais estudado da história, com 35 anos de análises, polêmicas e alterações, a realidade mostra que até agora pouco desse conhecimento foi de fato traduzido para a população, uma situação que só faz aumentar os conflitos em torno da obra.
Na sexta-feira, o governou oficializou a criação de um grupo para liderar as ações sociais ligadas a Belo Monte.  Durante a cerimônia do chamado "Comitê Gestor do Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Xingu" - que reúne a Casa Civil, o governo do Pará e os prefeitos dos onze municípios que serão atingidos pela construção da usina, além de uma série de ONGs e associações - cerca de 50 manifestantes entraram no centro convenções de Altamira para protestar contra a criação do comitê e a maneira com que o governo federal tem conduzido o projeto.  
Houve gritaria, choro, dedos apontados para a cara de prefeitos e cartazes de protestos.  A Polícia Militar e a guarda municipal foram chamadas para acalmar os ânimos.  Com faixas espalhadas pela sala, os manifestantes afirmavam que a "tropa de choque do governo federal vai gerenciar a morte da Amazônia".  O governo da presidente da República, Dilma Roussef, que já foi ministra de Minas e Energia, foi chamado de "ditador, prepotente e autoritário".

Pouca informação foi levada à população, uma situação que só faz aumentar os conflitos em torno de Belo Monte
Para evitar bate-boca, os representantes do comitê deixaram que os manifestantes do Movimento dos Afetados por Barragem (MAB), lideranças indígenas e do Movimento Xingu Vivo para Sempre se pronunciassem.  Moisés da Costa Ribeiro, porta-voz do MAB, disse que Belo Monte foi um projeto "feito nas gavetas de Brasília", que o povo da região não será beneficiado pela obra e que a usina não é um fato consumado.
Os protestos foram aplacados com a resposta dos prefeitos e deputados presentes.  Odileida Sampaio (PSDB-PA), prefeita de Altamira, disse que "está na hora de o projeto de Belo Monte ser tratado de maneira séria e não passional".  Esse alegado sentimentalismo que governo e empresários tanto querem evitar, no entanto, nada mais é que o resultado da escassez de informações que chegam à população, e muitas vezes confusas e distorcidas, comenta Doto Takak-Ire, líder caiapó na região do Xingu médio e coordenador da Funai em Altamira.
Quando o governo anunciou que o Ibama havia liberado a licença de instalação de Belo Monte, na quarta-feira da semana passada, a informação correu feito pólvora entre as milhares de casas erguidas sobre as palafitas dos igarapés em Altamira e região.  Até agora, não se fala em outra coisa entre os barracos espalhadas nas margens.  Todo esse barulho, no entanto, está impregnado de dúvidas e apreensão.  As quase 20 mil pessoas que vivem na região sabem que, em algum momento - e esse momento deve ocorrer em breve - terão de sair dali para serem reassentados em outro local.  O que elas ainda não sabem é para onde ir, em que condições, com que tipo de compensação.
Dúvidas também se espalham pelas margens e ilhas do Xingu, onde vivem ribeirinhos que tiram seu sustento do rio
As dúvidas também se espalham pelas margens e centenas de ilhas que se formam ao longo do Xingu, onde vivem milhares de ribeirinhos, famílias que tiram seu sustento do rio.  O relatório de impacto ambiental de Belo Monte aponta que há cerca de 3 mil pessoas vivendo nessas condições, se considerada apenas aquelas que habitam a região que será diretamente impactada pela obra, ou seja, as áreas que não terão mais os ciclos naturais de cheia e seca, por causa das barragens.
"Acho que demorou muito para esse negócio acontecer, então ficou todo mundo meio desacreditado de que a obra começaria algum dia", diz Carlos Loureiro, dono do restaurante Kalini, lugar onde se come o melhor peixe de Altamira.  Comprador regular dos peixes fornecidos pelos ribeirinhos, o Kalini está entre locais que terão de fechar as portas porque a água vai subir.
"Fazer o quê?  O progresso tem que vir.  Quando o Estado quer uma coisa, não tem como ir contra", diz Loureiro, já resignado com a ideia de ter que levar seu restaurante para outro lugar.
Com fotos emolduradas que mostram momentos de seca e cheia do Xingu, fenômeno que faz com que o nível de água oscile em até oito metros de altura, conforme a época do ano e o humor do rio, Loureiro diz que é favorável à obra.  "Nossa região precisa melhorar.  E a gente sabe que quando o governo quer uma coisa, não tem jeito.  Eles vão atropelar a gente como atropelaram o Ministério Público Federal", diz.  Nos últimos dois anos, o MPF do Pará tem sido um dos órgãos mais combativos em relação a Belo Monte.

Divulgada relação dos alunos contemplados pelo Programa Bolsa Permanência da UFOPA


Já está disponível no sítio www.ufopa.edu.br a relação dos alunos contemplados pelo Programa Bolsa Permanência, da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA). São 316 alunos selecionados para o recebimento de mais de 900 bolsas de auxílio financeiro nas seguintes modalidades: moradia, alimentação, transporte e material didático. Para o recebimento desse auxílio financeiro, os alunos da UFOPA passaram por um processo de seleção pública, coordenado pela Pró-Reitoria de Planejamento Institucional (PROPLAN), por meio da Diretoria de Avaliação e Informações Institucionais (DIAVI).

I Exposição Socioambiental em Oriximiná


Nos dias 17 e 18 de junho, os moradores de Oriximiná terão a oportunidade de conhecer detalhes sobre os diversos projetos desenvolvidos pela Mineração Rio do Norte na região, durante a I Exposição Socioambiental da MRN. O evento será realizado no Cliper Santo Antônio, com abertura às 19h de sexta-feira, dia 17/06. No sábado, a Exposição funcionará das 8h às 12h e das 15h às 21h. Além de conhecer os projetos, os visitantes irão contar com programação cultural e sorteio de brindes durante a programação.(Fonte:MRN)
 
Veja a programação completa clicando aqui.

Lançamento da GTA eletrônica contará com presença do ministro da Agricultura


O ministro da Agricultura, Wagner Rossi, estará em Redenção, no sul do Pará, sexta-feira (10), para participar de uma grande programação do setor agropecuário estadual, juntamente com o governador Simão Jatene, secretário de Estado de Agricultura, Hildegardo Nunes, e o diretor geral da Agência de Defesa Agropecuária do Pará (Adepará), Mario Moreira.

Depois de se reunir com lideranças rurais no parque de exposições do município, o ministro firmará convênios no valor de R$ 60 milhões com o governo do Estado, com assinatura do Decreto de Regulamentação da Lei Estadual de Defesa Vegetal. Do programa constam também a implantação do sistema de informatização da Adepará e o lançamento do Programa de Guia de Trânsito Animal Eletrônica (GTA) e do Cartão do Produtor na região.

O ministro Wagner Rossi e o governador Simão Jatene lançarão ainda a Campanha de Combate à Varíola Bovina e farão a entrega de 25 motocicletas para as regionais do Sul e Sudeste do estado, que atendem os municípios de Rondon do Pará, Tucuruí, São Geraldo do Araguaia, Marabá, Tucumã e Redenção. (Leni Sampaio - Sagri)

terça-feira, 7 de junho de 2011

Borracha não foi contrabandeada e sim despachada pela alfândega

Lúcio Flávio Pinto
Articulista de O Estado do Tapajós


A Amazônia não conquistará sua autodeterminação com barreiras, retórica ou satélites, mas com o melhor conhecimento sobre si mesma.

Belém - Numa visão simplista, a culpa pelo fim do período de maior enriquecimento da Amazônia, entre 1840 e 1910, tem nome, sobrenome e nacionalidade certas: o inglês Henry Wickham. Bem na metade do ciclo de expansão da economia gomífera, o aventureiro britânico teria se infiltrado em terras brasileiras para contrabandear ("biopiratear", na linguagem de hoje) sementes da Hevea Brasiliensis, espécie nativa amazônica, única fonte de borracha para uso industrial até então. Levadas para o Ceilão, as sementes floresceram com tal exuberância que, menos de uma década depois de terem chegado ao mercado mundial, acabariam com o boom da borracha extraída nos seringais amazônicos, abrindo um rastro de decadência na região.

Elevado à condição de lorde do império britânico pelo rei George V, Sir Wickham é tratado até hoje pela maioria dos intelectuais da região (e mesmo do país) como um reles traidor, o bandido responsável pela débâcle da Amazônia, que roubou as sementes da seringueira e clandestinamente as fez plantar nos redutos asiáticos de sua majestade, acabando com o fausto de Belém e Manaus, cidades que transitaram do século XIX para o XX equiparáveis às mais afluentes capitais do mundo.

Não importa, que há duas décadas esteja acessível para consulta o livro no qual o americano Warren Dean documenta história completamente distinta da versão corrente no Brasil. Com base em documentos oficiais, Dean provou que Wickham obteve autorização oficial para a remessa das sementes para a Inglaterra, devidamente declaradas na alfândega e ao abrigo das normas legais em vigor, não só com o aceite, mas até mesmo com o estímulo das autoridades. Se quisesse, o Brasil podia até ter participado das experiências que, iniciadas no Kew Garden de Londres, se estenderiam ao Ceilão e à Malásia.

Deitados eternamente em berço esplêndido, conforme referenda o hino nacional, talvez julgássemos, que um monopólio conferido pela natureza, tornando a seringueira endêmica apenas na Amazônia, não poderia ser quebrado pelo homem. Com o conhecimento (e a necessidade) à nossa frente, os ingleses não partilhavam essa convicção. Apostaram na hipótese contrária. O que se convencionou chamar de pirataria foi, na verdade, um bem sucedido empreendimento científico e comercial que, até se consumar, exigiu quase meio século de engenho, arte e dinheiro.

Foi o tempo que decorreu desde a formação do plantio de Wickham no vale do rio Tapajós, no Pará, até a Ásia inundar um explosivo mercado consumidor com quantidade compatível de borracha natural, a um preço e com uma qualidade adequadas à escala industrial, naquele momento. Se fosse preciso roubar, contrabandear ou piratear as sementes, sem dúvida a nação líder do nascente mundo industrial, carente de matéria prima em maior quantidade, mais barata e de qualidade confiável (condições não supridas pelo fornecedor monopolista), não hesitaria em agir dessa forma. Agiu assim em vários outros países e situações. Mas não foi nem necessário: os brasileiros, e particularmente os amazônicos, seduzidos e iludidos pelos jorros constantes de dinheiro, que recebiam pela venda da borracha, achavam que o boom seria eterno, ou pelo menos duradouro.

No seu excelente livro, Dean diz que a natureza, de regra benfazeja com a Amazônia, foi madrasta perversa no caso da borracha. O excesso de água e de umidade, e a inexistência de um período seco mais bem definido, desenvolvem pragas fatais à seringueira quando sua concentração é aumentada para que o seringal alcance um tamanho competitivo. Na Ásia (e em áreas não-amazônicas do Brasil), esse problema não existe ou não tem a mesma gravidade. Por mais que as autoridades brasileiras tivessem sido previdentes, antecipando os movimentos da história e sendo aplicadas nas medidas de proteção ao cultivo, ainda assim a Amazônia teria sido derrotada na luta pela borracha.

Para os que, desprezando fatos e argumentos, optarem pela origem estrangeira (e ainda por cima, americana) do autor para desqualificar sua obra, convém lembrar que o Brasil deve a esse magnífico schollar, além do livro sobre a borracha (já reconhecido como o trabalho inaugural de uma história ecológica já dotada de autonomia), o mais profundo e belo estudo sobre sua mata atlântica. Aliás, é bom não esquecer, a mata atlântica foi a nossa primeira Amazônia, tanto pelo seu potencial de realizações como pelo seu resultado de destruições.

O "caso" da borracha, o capítulo mais polêmico da história (real ou presumida) de apropriação de bens do patrimônio natural da Amazônia, vem a propósito do mais recente episódio, que chegou à grande imprensa na semana passada, depois de ter transitado bem antes pelos circuitos especializados: o patenteamento de plantas e frutas da Amazônia no estrangeiro por empresas internacionais. Causou escândalo a notícia de que, a partir de agora (na verdade, desde 2001), quem quiser usar comercialmente o título cupuaçu - e alguns dos seus derivados - na Europa, nos Estados Unidos ou no Japão vai ter que pagar royalties ou se expor a ser multado por uma firma japonesa, a Asahi Foods, estabelecida em Kyoto (cidade que se tornou ainda mais célebre por ter recentemente abrigado conferência ecológica, que teve como um dos seus propósitos justamente estabelecer regras de respeito ao patrimônio genético da humanidade, especificamente definido conforme sua dispersão geográfica).

Da forma como foi anunciado, o fato desabou como uma bomba com megatons semelhantes aos da pirataria de Wickham, de quase um século e meio atrás. O problema tem sua gravidade, embora provavelmente não na dimensão de uma catástrofe irremediável. Se servir de alerta e retirar do sono letárgico alguns setores da estrutura governamental, terá cumprido o seu papel de catarse.

Contra o roubo dos direitos sobre o patrimônio genético ou o conhecimento nativo é duvidosa (ou completamente inócua) a eficácia de ferramentas convencionais, como o Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia) ou todo o aparato geopolítico e policial. Eles não são dispensáveis, mas não são suficientes, sequer são as armas mais importantes. A principal é o saber, o domínio dos processos do conhecimento, o saber fazer (e como) e a informação exata e pronta. Não é através do isolamento e da pretensa auto-suficiência que se conquistam tais posições: é colocando-se no mundo, diante dele (e, quando o caso, contra ele). Mas não na posição de um encrenqueiro ou de um presunçoso, mas de alguém confiante na sua própria força, por sabê-la consistente e convincente.

O saber resulta de processos educativos, científicos e civilizatórios. Processos que não podem ser traduzidos por índices quantitativos nem por bravatas retóricas. Resulta de 99% de transpiração e 1% de inspiração, como receitava Picasso para uma área da criação humana, a artística, onde mais peso costuma ter o dom natural dos indivíduos, ou sua "vocação", do que sua transpiração. Mesmo que possua satélites, radares, aviões, militares e soldados rondando seus limites e patrulhando seu interior, a Amazônia continuará exposta aos interesses e disposições alheias, se continuar dependendo dos minguados recursos materiais colocados à disposição dos seus estudantes, tecnólogos, pesquisadores e cientistas. E se esses minguados recursos, desprezíveis até pelos anêmicos parâmetros nacionais, permanecerem subordinados a diretrizes obtusas, vesgas, exóticas, coloniais.

Não será com uma nova muralha da China que a região conquistará sua autodeterminação, a capacidade de determinar seu destino na interlocução com o mundo, mas com o melhor conhecimento sobre si mesma. Num momento em que se tratam de questões amazônicas nas principais praças mundiais, como um tema de ciência e de comércio, a sede territorial não pode ter uma relevância meramente retórica. Ou se condenará a sustos e sobressaltos como os de Wickham e o do cupuaçu japonês.

O mais recente episódio fez o escritor e jornalista Aníbal Beça lembrar um caso que aconteceu bem do início da Zona Franca de Manaus: "os nossos caboclos inventivos resolveram contrabandear relógios dentro das cascas de cupuaçu. Serravam a casca e retiravam a polpa, e em seu lugar colocavam relógios, de preferência da marca Seiko. Depois colavam, sem deixar nenhuma marca. O crime perfeito". Um nosso repórter policial do jornal onde Beça trabalhava cunhou uma palavra para esse tipo de crime: o "seikoaçu". Dizia-se então que muita gente, enriqueceu exportando Seikoaçu, até descobrirem o golpe. O crime - atesta o escritor - só foi descoberto por acaso: "um desses contrabandistas deixou cair o cupuaçu. Aí caiu relógio pra tudo que foi lado".

Com base nessa experiência, Beça sugere às entidades e empresas nacionais, quando forem vender nos mercados europeus, americanos ou japoneses, "registrarem o nome dos produtos da fruta como Seikoaçu". A solução seria engenhosa, ainda que também significasse uma capitulação à esperteza dos nossos concorrentes estrangeiros. O novo produto teria ainda que sofrer uma adaptação aos novos tempos: ao invés de relógios made by Zona Franca dentro de caroços de cupuaçu, mais atraente do ponto de vista comercial seria colocar sementes de cobiçadas plantas amazônicas dentro dos Seikos de hoje.

Polícia divulga retrato falado de suspeitos da morte de líderes extrativistas no Pará



A Polícia Civil do Pará divulgou, hoje, dois retratos-falados dos principais suspeitos pelo assassinato do casal de extrativistas José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo Silva. O crime ocorreu no último dia 24 de maio, no ramal de acesso ao projeto de assentamento Praialta-Piranheira, na zona rural do município de Nova Ipixuna, região sudeste do Pará. De acordo com o delegado José Humberto de Melo Júnior, presidente do inquérito que investiga o duplo homicídio, os retratos foram confeccionados por peritos da Polícia Civil baseados em depoimentos de testemunhas que teriam visto a movimentação dos suspeitos antes e após os crimes. Para a Polícia, os retratos têm 90% de acerto se comparados às características físicas os pistoleiros.(Secom)

Atualizações do Blog do Estado


Hoje, excepcionalmente, o Blog do Estado será atualizado via twiiter.

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Filme de animação japonesa é exibido em Santarém

Santarém recebe em junho o projeto Curta na Rua, realizado pela unidade do Sesc do município, com a exibição do longa de animação japonês “O Reino dos Gatos”. O filme terá sessões nos dias 9 e 20, sempre às 19h, com entrada franca.

Realizado há dez anos, o projeto Curta na Rua leva a diversidade da linguagem cinematográfica a localidades em que a população que não tem acesso ao cinema.

“O Reino dos Gatos” é uma criação do japonês Hayao Miyazaki, um dos mais famosos e respeitados criadores do cinema de animação japonesa. Seu trabalho ganhou maior destaque a partir de 2003, quando “A Viagem de Chihiro” ganhou o Oscar de Melhor Animação. O longa narra a história de Haru, uma garota muito preguiçosa que todos os dias chega atrasada na escola. Um belo dia, voltando para casa, ela salva um misterioso gato de ser atropelado. Na mesma noite a menina recebe a visita do Rei dos Gatos, que a convida para conhecer seu reino, um lugar mágico, diferente de tudo, onde os bichos falam e se comportam como gente.

Nos três dias de exibição haverá bate-papo entre a equipe do SESC e o público.
Locais de exibição: hoje (6), na Escola Universo do Saber, dia 9 no Sindicato dos Tecelões (Centro Comunitário, Bairro da Prainha) e dia 20 no Barracão da Igreja Santo Antônio (Bairro do Laguinho), sempre às 19h. Entrada franca. Informações: (93) 3224-5654/ 5305.(Diário do Pará)

Medalha Padre João Felipe Bettendorf

A prefeita Maria do Carmo anunciou as personalidades que serão agraciadas com a Medalha Padre João Felipe Bettendorf , a ser entregue sexta-feira, na abertura da programão dos 350 de fundação da cidade:

Agostinho Coleta do Couto (empresário)

Jocivan Antônio Pedroso (médico)

Lusia Lobato (liderança comunitária de Alter do Chão)

Raimundo Pereira de Vasconcelos (empresário)

João Carlos Lobato (atual coordenador da Frente de Proteção Etnoambiental Cuminapanema)

Phebus Canaã Dourado (médico), in memorian

Assembléia de Deus: a briga continua


Leitor que preferiu o anonimato fez este comentário sobre a sua postagem "Assembléia de Deus está em pé de guerra":  

Tenho acompanhado com muita tristeza a situação da Assembléia de Deus em Belém desde que o pastor Samuel Camara e sua familia assumiram a direção da igreja- mãe .

Cada dia que passa perdemos nossa identidade de igreja genuinamente pentencostal e nosso patrimonio indo para o sul do pais, estamos nos tornando uma iurd ou uma igreja do homem que se entitula apostolo, pastores sem compromisso com a palavra, maquiando a mesma. 

Dentro de nossas igrejas há um festival de erros e aberrações, pastores que fecham os olhos para o mundanismo que ferozmente adentra a igreja, não existe mais a essencia do evamgelho no qual eu fui criado e acredito a cada dia que passa os lideres das igrejas(pastores) não estão preparando o povo para se encontrar com  Cristo e sim tapando o sol com a peneira(tudo pode por que Deus é amor), batismo em aguas de pessaos amigadas, mulheres usando calças compridas, brincos, batons, divórcio sem olhar para que a Bíblia diz acerca do mesmo.

Realmente não quero que os meus filhos sejam criados sobre a doutrina da prosperidade e sim na doutrina dos apóstolos o qual receberam de Jesus.

Peço que a Comieadepa e a Cgadb tomem as redeas da igreja mãe em Belém.

SOU ASSEMBLEIANO TRADICIONAL. PASTOR SAMUEL VOLTA PARA MANAUS!!!!!!!!.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Assalto ao Basa: Reféns são libertados

Na fuga, ao passarem por uma carreta do exército que cruzava uma ponte, os assaltantes da agência do Banco da Amazônia, em Rurópolis, hoje de manhã, perderam o controle de uma das caminhonetes L-200. O veículo tombou, os bandidos tocaram fogo na ponte e, após queimarem o carro, fugiram no outro veículo.
Foi nesse momento que todos os reféns ficaram livres.



O gerente do Banco, Sidney Lobo Braga na foto 2, de camisa azul

Fotos; Blog da Ronilma

De volta a Paris



Lúcio Flávio Pinto

Depois de 16 anos, voltei a Paris, a convite. Foi a mais proveitosa das viagens que já fiz. Houve tempo para fazer o percurso pelos locais famosos da cidade, o que antes, sempre a trabalho, me faltou. O que se tira de melhor dessas peregrinações são momentos. É impossível pretender usufrutos mais demorados. Há hordas em excursões que não deixam pedra sobre pedra.

Quem viu a beleza criada pelo homem às margens do Sena, ao longo de séculos, viu. Quem não viu, não verá mais. Não há um momento mais duradouro para a observação, a reflexão, o prazer, em sua expressão estética mais profunda. O melhor da viagem foi a observação dos túmulos no cemitério Père Lachese, história profunda e sincera de momentos da história humana, como a guerra civil espanhola, a Segunda Guerra Mundial, a perseguição nazista aos judeus. Mais do que a última morada de tantos notáveis (de verdade, não como acento de exclamação em coluna social) que viveram na Cidade-Luz.

Também alguns minutos ao lado do jardim que circunda o prédio do Senado, sem a presença das abelhas que zunem com suas máquinas fotográficas e seu deslumbramento. A ida aos confins do pequeno e do grande Trianon, com jardins que transferem de imediato a memória aos idílios de Rousseau. Um passeio pela praça des Voges, manhã se abrindo, em silêncio, para ouvir as vozes do comércio de séculos atrás.

É impossível, no mais das vezes, captar o que Paris tem de único: seus tantos acontecimentos, suas muitas criações, dramas e tragédias sublimadas, como a de Abelardo e Heloísa, ou as toneladas de saber registrado em livros deslumbrantes, como os que pude ver na Feira Internacional do Livro Antigo, tão preciosa que só durou três dias (e, felizmente, tinha pouca concorrência).

Ao voltar, pretendia dividir com meu leitor as muitas observações e sensações da viagem, mas problemas domésticos e familiares, além das complicações inevitáveis no ofício do jornalismo, me desviaram das pílulas de utopia para o remédio amargo da realidade paraense. Mesmo assim, a carência de tempo me impediu de atualizar devidamente esta edição. Fica para a próxima, com a vênia do distinto público.

Agência do Basa em Rurópolis acaba de ser assaltada


Homens fortemente armados com fuzis acabaram de assaltar a agência do Banco da Amazônia de Rurópolis.

A quadrilha levou dinheiro, objetos de valores e fez cerca de 10 reféns e fugiu em duas caminhonete L-200, uma de cor preta e outra prata.

A população está em pânico por conta da situação e das pessoas que foram levadas, algumas feridas por conta dos estilhaços de vidros.


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Atualização:

Dois homens envolvidos no assalto a agência do Banco da Amazônia, em Rurópolis, oeste Paraense, já estão sob o poder da polícia. Eles foram presos no município de Fordlândia. Equipes da Polícia Civil e Militar continuam, neste momento, a busca pelos demais integrantes do grupo.
O assalto ao Banco da Amazônia ocorreu na manhã desta segunda-feira, 6. Segundo a polícia, a ação da quadrilha durou menos de dez minutos. Armados com fuzis, seis homens levaram parte do dinheiro da agência bancária e, na fuga, fizeram reféns o gerente e um funcionário do banco. Eles, Segundo o tenente coronel Josafá Pereira Borges, comandante do policiamento regional da PM, foram liberados em seguida.(Agência Pará)

No lugar errado


O advogado Eliezer Soares(PDT) poderia ter vencido a eleição em Aveiro, mas escolheu o partido errado para a disputa. Quem levou a melhor foi Ronilson Prado, do PR.

O PDT, partido de Eliezer, é o mais fisiológico do oeste do Pará.

Esta aí a explicação da derrota do advogado.

domingo, 5 de junho de 2011

ANA contrata consultoria do Banco Mundial para dimensionar aqüífero Alter-do-Chão

Miguel Oliveira
Enviado especial a Porto Velho

A Agência Nacional de Águas(ANA), órgão regulador do uso e exploração dos recursos hídricos no Brasil contratou no ano passado, junto ao Banco Mundial, uma consultoria internacional para dimensionar  a extensão e a reserva de água doce do Aquífero Alter-do-Chão, identificado no ano passado na região de Manaus até Santarém, no oeste do Pará. A informação é do coordenador de Produção de Águas da ANA Flávio de Carvalho, que esteve em Porto Velho, esta semana, participando do II Encontro de Jornalistas da Região Norte, promovido pela Fundação Banco do Brasil.

Segundo Flávio de Carvalho, a agência ainda analisa com reservas o potencial e o uso imediato dessas águas subterrâneas, a exceção do município de Manaus, onde os poços profundos de captação da empresa amazonense de saneamento já  bombeiam a água do aqüífero Alter-do-Chão. “ A ANA considera o aqüífero Alter-do-Chão uma reserva estratégia para o Brasil, mas em relação ao aqüífero Guarany há um desvantagem, pois a região onde se encontra é remota, com pouca população e grande oferta de água superficial”, explicou Carvalho.

“O Aquífero Guarny está assentado sob diversos países e regiões densamente povoadas da América do Sul e por isso sua exploração tem prioridade nas atividades da agência reguladora, ao contrário do aqüífero Alter do Chão”, ponderou o coordenador.
Quanto a qualidade da água e o grau de dificuldade para sua exploração subterrânea, 

Carvalho explicou que o aqüífero Alter do Chão leva vantagem se comparado ao Guarany. “ A água do Guarany é cristalina, isto é, a água está dentro ou nas fissuras das rochas, o que dificulta um pouco sua exploração. Já o aqüífero Alter-do-Chão tem a água  em bacias sedimentares, de mais fácil captação”, comparou o coordenador da ANA.

Flávio de Carvalho voltou a defender o fortalecimento dos comitês de bacias hidrográficas para a definição do uso sustentável dos recursos hídricos brasileiros. Os comitês são formados pelo governo, entidades da sociedade civil e empresários e têm a função de definir normas para a utilização da água para consumo humano e seu uso industrial ou agrícola.

A experiência bem sucedida de comitê de bacias são as do rio Paraíba do Sul(São Paulo e Rio de Janeiro) e rio das Velhas( Minas Gerais).

sábado, 4 de junho de 2011

80 anos de curiosidade


Sebastião Imbiriba
Hoje, completo oitenta anos de vida, oito décadas desde que nasci. É um bocado de vida, não que esteja satisfeito, quero muito mais. Beatriz, minha mãe chegou pertinho dos cem e prima Sophia se foi faltando apenas dezenove dias para completar um século. Quero chegar por ai e até quebrar a barreira dos cem. Mas já estou no lucro. 

De qualquer forma, oitenta anos são um bocado de tempo. Ainda mais, se pensarmos em como a Humanidade evoluiu. Primeiro, quanto à escala de vida: quando eu era criança, o tempo esperado de vida humana média não passava dos quarenta e cinco anos, isso sem contar a mortandade por guerras, fomes e doenças. Hoje, se vive em média setenta e cinco anos. Depois: pela intensidade e quantidade do conhecimento e dos acontecimentos. Na minha infância ainda se viajava de navio, semanas para chegar do Rio a Santarém, sem contar a espera pela saída. Além disto, a informação que você deseja e que antes não se encontrava nem nas melhores bibliotecas, hoje está a segundos do clique de seu mouse. Fatos são comunicados e decididos, de um lado a outros do Mundo, em minutos, quando antes necessitavam meses.

Oito décadas de vida, portanto, mais do que tempo, é templo de reflexão, onde se sorvem lições, se medita sobre elas e, talvez, se as repassa a eventuais discentes.

Depois das atribulações de saúde do ano anterior, quando passei meses em várias internações hospitalares por motivos diversos, inclusive delicada cirurgia vascular, do que me recupero a contento, o raiar de uma nova década de vida enche o espírito de esperanças, de ânimo e de indagações: O que fiz da vida que percorri? O que farei da vida que me resta?

A vida me fez. Muito do que sou, herdei genética, moral e culturalmente de meus antepassados. As características físicas, a ética, a abertura para o conhecimento, jeito de ser e lições que recebi de pai e mãe, e que estes herdaram dos seus, por gerações anteriores, tudo vem desta origem. Mas isto é apenas a base sobre a qual se constrói a vida. É inegável a aleatoriedade da sorte nos encontros que conformam nossos destinos. Este é fator importante. Mas daí pra frente é nossa responsabilidade, depende de interesse e comprometimento a vida que construímos, a profissão que escolhemos, o amor que merecemos.

Tenho defeitos de sobra, sei que existem e me desgostam profundamente, mas não me preocupo tanto assim com eles, nem seria eu que os revelaria. Há qualidades, no entanto, que me proporcionam grande satisfação. A primeira é a curiosidade, a segunda a persistência.

Curiosidade. Sempre fui curioso, era assim aos dois anos de idade, e continuo assim aos oitenta, sou perguntador, o que é isto, porque aquilo? Vou atrás da informação, quero saber tudo nos mínimos detalhes. Houve tempo em que passava horas em bibliotecas e enciclopédias eram consultadas a cada momento, hoje está quase tudo na Internet, mais fácil, mais rápido, às vezes até mais completo. Meu pai me dizia: “Toda ciência do mundo está nos livros”. Então eu lia muito. Hoje eu digo: “Falta pouco para que quase toda ciência do mundo esteja na Internet”. Então navego muito.

Persistência. Reconheço, não sou inteligente, demoro muito para entender, é uma dificuldade enorme. Por isso mesmo, tenho que ser persistente, insistir, estudar e reestudar, desenvolver exercícios, ler e reler, até que, por fim, uma tênue luzinha de entendimento aparece e o conhecimento desabrocha e ilumina.

Agora tenho que lutar com mais uma dificuldade, a memória me foge, ambas, a antiga e a recente. Oh meu Deus, quem é mesmo que introduziu o aristotelismo na escolástica, Agostinho ou Tomás de Aquino? O lado oposto sobre a hipotenusa é seno ou co-seno? Coço a cabeça, tento relembrar de coisas que aprendi há sessenta, setenta anos atrás. Mas isto é questão de tempo, minutos, daqui a pouco a informação salta à lembrança. O pior é tentar relembrar fatos recentes: “Muito prazer seu João. Como é mesmo seu nome?” Valha-me Deus. Tenho que prestar atenção redobrada, usar artifícios de memorização, anotar, o que nem sempre é possível. Mas que fazer quando os dois únicos neurônios de que disponho não querem mais se encontrar? Mas isto não me amedronta, continuo a ser curioso, a querer aprender cada vez mais e persisto com maior intensidade. Com parcos resultados, é verdade, mas, de qualquer forma, alguma coisinha aprendo ao longo da vida.

O problema é que, apesar do pouco que sei, não posso utilizar todo o pequeno conhecimento de que disponho. Tão pouco saber, tão pouco utilizado. Profunda e frustrante sensação de desperdício, inutilidade. Por que, para que, tanta ânsia por saber, tanto sacrifício em aprender, com capacidade de fazer tão diminuta? Se empreendedores se bastam e pouco se interessam pelo que, eventualmente, eu conheça e possa ser de utilidade para eles; se acomodados não desejam nem fazer, nem saber?

Ah, como eu gostaria de ser como Sophia, a Mestra! O anseio por discípulos é insuportável. Um tiquinho assim de desânimo tenta me acomodar. Então a curiosidade se envereda por outro caminho e me leva a outras explorações. E é aí que descubro: o único conhecimento que realmente interessa é a ciência do amor.

Que novas experiências a vida me trará?

Santarém do Tapajós, 04/06/2011

Capa da edição desta semana de O Estado do Tapajós

Clique na imagem para ampliar.


sexta-feira, 3 de junho de 2011

Padre Edilberto faz conferência na Itália contra obras do PAC na Amazônia


O padre Edilberto Sena, diretor da Rádio Rural de Santarém e membro da Frente em Defesa da Amazônia, faz amanhã, em Bassano de Grapa, cidade próxima a Veneza, norte da Itália,  uma conferência para um público de cerca de 500 pessoas sobre os impactos desastrosos dos projetos do PAC sobre os povos da Amazonia. 

Além de Edilberto, serão conferencistas lideres populares de El Salvador e Nigéria,e religiosos da Itáilia.

Cara-de-pau e oportunismo


Odair Corrêa, quando vice-governador de Ana Júlia, se omitiu e até lutou contra a criação do estado do Tapajós, ressurge feito um zumbi invocando um passado de luta emancipacionista que renegou quando esteve no poder.

O outro personagem macabro é Alberto Oliveira, presidente da ACES que, como empresário, sempre se omitiu da luta pelo novo estado e agora quer sufar nas ondas da aprovação do plebiscito.

Silêncio judicioso


Lúcio Flávio Pinto

O desembargador Rômulo Nunes recusou-se a relatar os quatro recursos dos Maioranas contra a minha absolvição pela juíza da 7ª vara penal. Foi seu protesto contra minha matéria, que citou seu irmão como um dos denunciados ao CNJ acusado de dar cobertura a duas pessoas, uma delas seu genro, e favorecê-las em demandas judiciais. O ex-presidente do TJE disse que eu transcrevi as acusações “sem que tivesse o cuidado de averiguar sua veracidade”. E mais não disse. Nem seu irmão.

Todos os nobres personagens dessa história preferiram continuar em silêncio público, embora aleguem não ter tido a oportunidade de se defender e dizendo-se injustiçados. Por que não se defendem agora? O espaço neste jornal está aberto para que eles exerçam seu direito de resposta. Ouvi-los não cabia na primeira matéria, publicada na edição 488.

Por ser extensa e minuciosa, além de grave, a acusação feita ao Conselho Nacional de Justiça exigia uma reportagem específica. O que fiz foi checar todos os documentos constantes dos autos dos processos citados na denúncia, para verificar se as alegações tinham fundamento. E tinham mesmo. A demonstração é o silêncio geral, só interrompido pela carta da promotora Ociralva Tabosa, publicada na edição anterior.

De tudo o que a representante do Ministério Público disse, a conclusão é que a digna promotora apenas mudou de opinião sobre o Jornal Pessoal: deixou de ter a "certa admiração" que tinha por ele. Isso acontece quase sempre quando o leitor é contrariado. Não me surpreende a reviravolta no juízo. Continuo aguardando as retificações dos fatos noticiados pelo jornal na sua edição anterior.

Nenhum deles foi abordado pela nobre promotora, que apenas registrou sua insatisfação e assegurou não ter dado "embargo de gaveta" ao processo, que esperou durante dois longos anos por sua denúncia. Portanto, o JP mais uma vez não foi desmentido. Porque, novamente, pode provar tudo que publicou. Por isso os contrariados, ao invés de pelo menos se proporem a responder de público a questões públicas, como fez a distinta promotora (embora sem abordar as questões polêmicas), transferem suas mágoas para os autos dos processos que ajuizam contra mim, imaginando assim sonegar o debate junto à opinião pública, verdadeiro árbitro das contendas. O que explica o silêncio dos personagens citados.